Futuro da Direita e da Esquerda espanholas joga-se este domingo nas urnas. Resultados serão também teste ao efeito do aparecimento do movimento de protesto contra desertificação Espanha Esvaziada.
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Castela e Leão vai este domingo às urnas para eleições antecipadas que podem marcar o futuro mais próximo da Direita e Esquerda espanholas. As eleições autonómicas, que pela primeira vez realizam-se apenas nesta região, transformaram-se num laboratório de experiências a nível nacional devido ao grande envolvimento durante a campanha tanto do primeiro-ministro Pedro Sánchez (PSOE), como do líder da oposição, Pablo Casado (PP).
A direita governa a região que faz fronteira com Portugal há 35 anos, mas o seu domínio poderá ser ameaçado pelo crescimento da extrema-direita que, segundo as últimas sondagens, deverá ser o próximo parceiro da coligação popular. "Se o PP quer governar vai ter que pactuar com o Vox, que se aproveita da população descontente para ganhar cada vez mais apoios e ter uma maior influência", explica ao JN, o politólogo Pedro Villanueva que acredita na soma de 41 deputados entre os dois partidos, o mínimo para ter maioria na Câmara.
Foi o próprio presidente da Junta, Afonso Fernández Mañueco (PP), quem decidiu romper o pacto de coligação com Cidadãos para convocar eleições antecipadas que vão debilitar ainda mais o partido liderado por Francisco Igea (direita-liberal). O objetivo do Partido Popular era conseguir uma maioria absoluta que dificilmente conseguirá.
Quem poderá repetir o resultado das eleições anteriores, em 2019, é Luis Tudanca do Partido Socialista, que ganhou em votos (30%), mas nunca chegou a formar governo. "Tudanca é o rei sem trono. Ganhou, embora não tenha desfrutado da vitória", analisa o membro do Colégio Oficial de Ciências Políticas de Castela Leão.
Por outro lado, as eleições servirão para avaliar a irrupção do movimento da Espanha Esvaziada, que surgiu do sucesso nacional de Teruel Existe e luta contra o fenómeno do despovoamento no território. As sondagens indicam que Soria Ya!, União do Povo Leonês e Por Ávila vão ter representação no parlamento tendo os primeiros até quatro assentos. "Estas forças vão ter a chave do próximo governo podendo chegar a um acordo tanto à esquerda como à direita", conclui Villanueva.
Nove províncias, nove reivindicações
Castela Leão é territorialmente a maior região espanhola e conta com nove províncias, cada uma das quais com reivindicações próprias.
A despovoação afeta mais Zamora, Segóvia, Ávila, Sória, e Palença que reclamam um maior protagonismo perante o centralismo económico de Burgos e Valladolid, a capital autonómica. Por outro lado, Leão gostaria de afastar-se de Castela e criar uma nova autonomia junto aos históricos territórios do antigo reino de Leão: Zamora e Salamanca.