As urnas abriram, esta segunda-feira, no Egipto, às 08.00 horas locais (06.00 horas em Portugal continental) para as primeiras eleições legislativas desde a queda do regime de Hosni Mubarak, em Fevereiro.
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De acordo com relatos de agências internacionais, junto às assembleias de voto no Cairo formaram-se longas filas contrapondo à escassa afluência de eleitores registada nas eleições das últimas décadas.
Mais de 17 milhões de pessoas são chamadas a exercer o direito de voto em nove províncias do país, como no Cairo e Alexandria, na primeira das três fases em que está dividido o processo eleitoral e que se prolongará até março.
Filas de centenas de pessoas aguardavam a sua vez às primeiras horas, de forma pacífica, no Cairo para votar nas assembleias de voto, onde se verificava forte presença das forças de segurança, enquanto que as unidades militares se concentravam no exterior.
Segundo constatou a Efe no local, a formação preferida nas eleições é o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político do grupo islamita dos Irmãos Muçulmanos.
Para muitos, como para Tayeb Ahmed, 63 anos, funcionário numa escola, a ida às urnas foi uma estreia. "Hoje os egípcios têm que votar. Se não participamos nas eleições não haverá organização nem teremos governantes", afirmou à Efe Tayeb Ahmed, ao confessar a sua preferência pelo PLJ.
"O povo confia nos Irmãos Muçulmanos e quer que quem o governe seja alguém que diga a verdade".
"Vou votar pela liberdade. Vivemos na escravatura. Agora queremos justiça na liberdade", afirmou Iris Nawar, de 50 anos, quando se preparava para votar no distrito de Maadi, um subúrbio do Cairo que, ao contrário de Tayeb Ahmed disse temer os Irmãos Muçulmanos.
"Temos medo dos Irmãos Muçulmanos. Mas vivemos 30 anos sob o regime de Mubarak, e viveremos com eles também", disse Nawar.
Até 11 de Janeiro cerca de 40 milhões de eleitores vão escolher os deputados da Assembleia do Povo e depois a partir de 29 de Janeiro e até 11 de Março escolhem os senadores da Choura (câmara alta consultiva).
A votação para os deputados, supervisionada por magistrados, terá lugar sucessivamente em três zonas eleitorais distintas, cada uma abrangendo nove províncias.
O Cairo e a segunda cidade do país, Alexandria, votam a partir de hoje, com uma segunda volta prevista para 5 de Dezembro.
Entretanto, a junta militar anunciou recentemente a realização de eleições presidenciais até ao final de Junho de 2012, o que deverá permitir a entrega do poder a um Chefe de Estado eleito.