Na estação de Zachodnia, no centro de Varsóvia, dezenas de ucranianos tentam a custo arranjar um bilhete de autocarro que lhes permita o regresso a casa. Na área dos comboios, na fila sinuosa que atravessa o interior da estação, já não resta solução, com os bilhetes esgotados até ao final do mês.
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Do outro lado, na estação onde se concentram as camionetas, um último reduto de esperança. Uma mãe segura pela mão a filha, depois de dois meses ancoradas na Suécia que as acolheu como refugiadas. Toda a família ficou para trás, numa região encravada entre Kiev e Kharkhiv. "Eles estão ali entre territórios tomados pelos russos. Alguns na minha família juntaram-se ao exército e estão a combater. É bom voltar a casa, mas não sei o que vou encontrar. Fisicamente, pouco resta, mas penso que é melhor estar lá do que longe deles", atira, com a voz trémula, num inglês esforçado.
Alguns correm de bilhete na mão, malas arrastadas no asfalto, para perceber, de autocarro em autocarro, qual representa uma possibilidade de regresso há meses adiada. Por todo o lado, bancas de apoio aos refugiados ucranianos, com as pequenas bandeiras azuis e amarelas a sinalizar uma vontade solidária que, num país vizinho, traduz, por agora, um porto de abrigo, um lugar de renovada esperança.
