EMA privilegia outras vacinas mas diz que incidentes com AstraZeneca são "muito raros"

Oli Scarff/AFP
Um alto funcionário da Agência Europeia de Medicamentos defendeu, numa entrevista publicada este domingo, a utilização, em todos os grupos etários, de vacinas RNA mensageiro quando houver disponibilidade.
Marco Cavaleri, responsável pela estratégia de vacinação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa), disse, ao jornal italiano "La Stampa", dever privilegiar-se as vacinas que usam a técnica de RNA mensageiro - como é o caso da da Pfizer/BioNTech e da Moderna - do que as vacinas virais vetoriais - como a substância da AstraZeneca e da Johnson & Johnson, ambas aprovadas pelo regulador europeu para maiores de 18 anos.
Em ambas as vacinas, houve relatos raros de coágulos sanguíneos, que levou os vários países a adotarem estratégias diferentes na utilização das vacinas. Como já acontece também em Portugal, Itália restringiu no sábado a utilização da vacina AstraZeneca a pessoas maiores de 60 anos, alegando o aumento dos riscos para a saúde dos mais jovens.
A tecnologia do RNA mensageiro consiste em injetar nas células instruções genéticas para que elas possam produzir proteínas ou "antigénios" específicos do novo coronavírus. Estas proteínas serão entregues ao sistema imunitário, o qual produzirá depois anticorpos. As vacinas "víricas", tais como as da AstraZeneca e Johnson
Questionado sobre se seria melhor proibir a AstraZeneca, inclusive para os maiores de 60 anos, Cavaleri disse que essa é "uma opção que muitos países, como França e Alemanha, estão a considerar à luz da maior disponibilidade de vacinas por RNA mensageiro". Mas, lembrou, os incidentes com a AstraZeneca "têm sido muito raros e ocorreram após a primeira dose". "É verdade que há menos dados sobre a segunda dose, mas no Reino Unido está a correr bem. Nos jovens, o risco de adoecer diminui, e a mensagem para eles pode ser a de usar preferencialmente vacinas de RNA mensageiro, mas a escolha é de cada Estado", acrescentou. Ou seja, quanto mais doses de vacina deste tipo houver, a necessidade de recorrer à da farmacêutica anglosueca deverá diminuir.
Cavaleri considerou ainda que a vacina de dose única da Johnson & Johnson apresenta "menos problemas do que a AstraZeneca", apesar de ter sido menos utilizada."Com uma dose única, é útil para algumas categorias difíceis de alcançar, mas é melhor reservá-la para os maiores de 60 anos", disse.
