O embaixador da Venezuela em Lisboa considerou, esta terça-feira, natural a preocupação da comunidade portuguesa sobre a atual vaga de violência, e frisou que o seu país permanece empenhado na aquisição dos dois navios asfalteiros, encomendados a Portugal em 2010.
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"A informação que tenho sobre a situação da comunidade portuguesa é igual à que tenho sobre a minha família. Há informações que suscitam preocupação, como não vamos estar preocupados? Há situações que causam medo, e em todas as comunidades, não apenas na comunidade lusa", referiu na embaixada venezuelana Lucas Rincón Romero, 64 anos, general na reforma, antigo ministro do Interior e da Defesa e embaixador em Lisboa desde 2006.
O diplomata, que convocou uma conferência de imprensa para analisar os últimos desenvolvimentos no país, na sequência dos violentos protestos de forças da oposição, sublinhou que a "comunidade irmã" luso-venezuelana é provavelmente a mais bem acolhida no país latino-americano.
"Para mim, a comunidade lusa, que está na Venezuela há muitos anos, é a mais aceite porque os primeiros que chegaram foram para os bairros, onde vivia o povo. E por isso a comunidade lusa venezuelana é bem vista por qualquer venezuelano", asseverou.
"Em geral é de um estrato médio e alto. São pessoas humildes, trabalhadores, que garantiram o seu capital, com o seu trabalho, e é natural estarem preocupados porque existe violência".
Numa referência ao contrato de aquisição, por 128 milhões de euros, de dois navios asfalteiros, encomendados em 2010 pela Venezuela aos estaleiros navais de Viana do Castelo, Rincón Romero apenas confirmou que decorreram três reuniões, a última há cerca de 20 dias, estando previstas novas conversações.
"Foi estabelecido um programa de reuniões para chegar a um acordo com a empresa. O processo não está terminado, continua a ser estudado, mas não posso fornecer os detalhes porque os desconheço", admitiu.
"Ainda não se concluíram as negociações, há novos atores, é uma situação que ainda não está definida. Mas temos a melhor disposição e vontade política. É um contrato com três anos e meio, do tempo do Presidente Chávez... Continua-se a dar uma oportunidade a Portugal".
O presidente da Empordef - Empresa Portuguesa de Defesa, que tutela os estaleiros -, confirmou em meados de janeiro que decorrem negociações com a Venezuela para que o novo subconcessionário - o grupo Martifer -, assegure a construção dos dois navios.