Emissões de dióxido de carbono dos combustíveis fósseis devem atingir novo recorde em 2025

As emissões de CO2 provenientes do carvão, petróleo e gás serão, este ano, 1,1% superiores às de 2024
Foto: Saeed Khan / AFP
As emissões de dióxido de carbono (CO2) ligadas aos combustíveis fósseis devem atingir um novo recorde em 2025, indica um estudo divulgado esta quinta-feira, que confirma que será praticamente "impossível" limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C.
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Segundo dados do Global Carbon Project (GCP) publicados durante a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), as emissões de CO2 provenientes do carvão, petróleo e gás serão este ano 1,1% superiores às de 2024, atingindo 38,1 mil milhões de toneladas (Gt CO2).
Realizado por 130 cientistas internacionais, o estudo assinala que se trata de "mais do que o aumento médio anual dos últimos dez anos, que foi de 0,8%", acrescentando que estas emissões são 10% superiores às de 2015, quando foi adotado o Acordo de Paris, em que os países se comprometeram a agir para que as temperaturas mundiais não subam além de dois graus Celsius (ºC) acima dos valores da época pré-industrial e de preferência que não aumentem além de 1,5ºC.
Apesar de as emissões terem diminuído em vários países, principalmente devido ao desenvolvimento das energias renováveis, à eletrificação dos veículos e à redução da desflorestação, "coletivamente, o mundo não está a fazer o suficiente", disse Glen Peters, do Centro Internacional de Investigação Climática, à agência noticiosa France-Presse.
"Todos devem fazer a sua parte e todos devem fazer mais", salientou.
O GCP precisa que as emissões ligadas à queima de carvão deverão aumentar 0,8% este ano, um novo máximo, enquanto os aumentos das de petróleo e gás serão de 1% e 1,3%, respetivamente.
Por regiões, as emissões dos Estados Unidos e da União Europeia aumentarão 1,9% e 0,4%, respetivamente, numa inversão da tendência decrescente verificada nos últimos anos, enquanto as da China, o maior poluidor do mundo, parecem estar a estabilizar (+0,4%), embora Glen Peters considere que a incerteza em relação às políticas do país torna prematuro afirmar que o pico já foi atingido.
O estudo estima que a quantidade de CO2 restante para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C seja de 170 mil milhões de toneladas (GtCO2).
"Isto equivale a quatro anos de emissões à taxa atual antes de se esgotar o orçamento alocado para limitar o aquecimento a 1,5°C. Portanto, na prática, é impossível", conclui Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter, que liderou o estudo.
Esta constatação do fracasso tornou-se cada vez mais clara ao longo de 2025 e é agora reconhecida pelas Nações Unidas, por cientistas climáticos, pelo presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e pelos participantes nesta COP, sendo agora o objetivo garantir que o excesso de aquecimento é temporário, ainda que possa durar décadas, refere a AFP.
A COP30 decorre desde segunda-feira em Belém, no Brasil, devendo terminar no dia 21.
