Emoção dos portugueses no Vaticano: "Tenho um olhar de Francisco gravado na memória"
Foi uma manhã de sentimentos fortes na Praça de São Pedro, com muitos portugueses por entre a multidão que chegou de todo o Mundo, para homenagear o Papa Francisco.
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Manuela Reis sai da praça com o grupo que veio da Paróquia de São Pedro de Ovar. Com a bandeira portuguesa pelas costas, o rosto não esconde que há um turbilhão de momentos a passar-lhe pela cabeça, depois de assistir ao funeral do Papa Francisco. Com a viagem marcada para estes dias há muito, "era impensável não estar aqui" para este momento que ninguém podia prever na altura. Já se tinha cruzado com o pontífice na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, e queria muito revê-lo, mas já não chegou a tempo.
E é desse momento de encontro que recorda "um olhar de Papa Francisco gravado na memória". Aqui, pôde fazer uma despedida emocionante, que não sabe explicar. "Não consigo, não tenho como falar", diz-nos já com a voz embargada e lágrimas a saltar dos olhos. Uma emoção que se repetiu nos olhares de muitos dos que assistiram à cerimónia, ao longo de cerca de duas horas. No mar de gente, para além das bandeiras de Portugal, viam-se outras como da Nova Zelândia, Porto Rico, Ucrânia, Argentina e Itália, como não podia deixar de ser. Tal como Manuela, Fátima Bastos também recorda o momento em que Francisco parou ao seu lado nas JMJ e puderam trocar um curto olhar, que ajudou a cimentar uma relação com o Jorge Mario Bergoglio, que agora jaz na Basílica Papal de Santa Maria Maior, em Roma.
Diogo Pinho, de 17 anos, faz parte do mesmo grupo de jovens que veio participar em Roma no Jubileu dos Adolescentes e destaca a comunidade que se gera na multidão num evento desta dimensão, mostrando a cada católico que não está sozinho, numa "comunidade de pessoas emocionadas, com vontade de se despedir, de se encontrarem, de prestar uma última homenagem, e estar ali no meio". Da cerimónia, destaca como pontos de maior impacto a chegada do caixão ao altar e a saída. "É um momento em que recordamos o sorriso marcante. É uma imagem que fica na cabeça de quem a vê".
José António Carneiro, padre da arquidiocese de Braga a trabalhar em Fafe e que está em Roma com um grupo de 54 pessoas, do qual se tinha perdido momentaneamente, destaca outro aspeto da cerimónia: ter sido muito envolvente e simples. Simplicidade, uma caraterística que associa ao argentino. Sobre a possibilidade de estar em Roma neste fim de semana foi, nas suas palavras, um momento que, "a partir de uma desgraça, se possibilitou que fosse uma graça".
O objetivo da viagem era assinalar o jubileu, mas "na desgraça da sua partida do meio de nós", permitiu que vivessem "uma graça única na vida", que foi participar no funeral de um Papa, deixando "uma mensagem esperança e de gratidão pela sua vida e por aquilo que ele fez pela Igreja e pelo Mundo".