Empresa mineira BHP declarada responsável pelo colapso da barragem Mariana no Brasil

Barragem rompeu em 5 de novembro de 2015
Foto: Christophe Simon/ AFP
A empresa mineira britânica BHP foi declarada legalmente responsável pela Justiça britânica pelo colapso da barragem de Mariana no Brasil em 2015, um dos piores desastres ambientais do país e que matou 19 pessoas.
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O Tribunal Superior de Londres considerou que a BHP, a maior empresa mineira do mundo, é "estritamente responsável pelos danos causados ao meio ambiente e a terceiros pelo colapso da barragem".
A juíza Finola O'Farrell disse, na decisão escrita, que a BHP, com sede na Austrália, era responsável, apesar de não ser proprietária da barragem na época.
O grupo anunciou em comunicado a "intenção de recorrer desta decisão", considerando o processo britânico "redundante em relação às reparações e compensações já efetuadas no Brasil".
Já a sociedade de advogados Pogust Goodhead, que representa os requerentes, considera que esta decisão "cria um precedente histórico em matéria de responsabilidade internacional das empresas" e que "as vítimas podem agora pedir uma indemnização por danos".
A anglo-australiana BHP detém 50% da Samarco, empresa brasileira que opera a mina de minério de ferro onde a barragem de resíduos rompeu em 5 de novembro de 2015.

Foto: Christophe Simon/ AFP
Uma grande quantidade de resíduos minerais suficiente para encher 13 mil piscinas olímpicas foi despejada no rio Doce, no sudeste do Brasil. O lodo da barragem rompida destruiu a vila de Bento Rodrigues, no estado de Minas Gerais, e causou graves danos em outras cidades.
O desastre também matou 14 toneladas de peixes de água doce e danificou 600 quilómetros do rio Doce, de acordo com um estudo da Universidade de Ulster, no Reino Unido. O rio, que o povo indígena Krenak venera como uma divindade, ainda não se recuperou.
Cerca de 620 mil brasileiros pediram 36 mil milhões de libras (41 mil milhões de euros) em indemnização, embora a decisão tenha abordado apenas a responsabilidade. Uma segunda fase do julgamento determinará os danos.
O processo foi movido no Reino Unido porque uma das duas principais entidades jurídicas da BHP estava sediada em Londres na época.
O julgamento começou em outubro de 2024, poucos dias antes de o Governo federal brasileiro chegar a um acordo multimilionário com as empresas de mineração.
Nos termos do acordo, a Samarco, que também é detida em 50% pela gigante mineira brasileira Vale, concordou em pagar 132 mil milhões de reais (21 mil milhões de euros) ao longo de 20 anos para indemnizar os danos humanos, ambientais e infraestruturais.
A BHP afirmou que a ação judicial no Reino Unido era desnecessária, uma vez que duplicava questões já abrangidas por processos judiciais no Brasil.
