Oito câmaras de comércio da Venezuela emitiram um comunicado conjunto no qual condenam a violência no país, clamam pelo diálogo, entre "chavistas" e opositores, e atribuem a crise venezuelana a "políticas económicas e sociais erradas".
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"A atual situação de conflituosidade social é o resultado de um conjunto de políticas económicas e sociais erradas. O socialismo do século XXI tem semeado ódio, divisão e ressentimento, sem resolver e agravar a insegurança cidadã, a inflação e a escassez", afirmam.
O documento, que foi subscrito pelas câmaras de Comércio de Caracas, Valência, Cumaná, Carúpano, Valdez, Puerto Cabello e Vargas, sublinha ainda que, pouco a pouco, tem sido "construído um clima de impunidade e totalitarismo que tem desvirtuado as válvulas institucionais, até obrigar muitos cidadãos a participar em protestos pacíficos, porque não encontra nenhum outro caminho para se fazer ouvir".
"Condenamos a violência como meio para solucionar as diferenças, e o uso excessivo e desproporcionado da força para controlar as manifestações de rua. Condenamos o abandono de garantias e direitos constitucionais dos detidos, por participarem em manifestações", afirmam.
Os empresários apelam "ao respeito incondicional pelos direitos humanos, pela vida", à adoção "meios lícitos e de aceitação universal para controlo das manifestações públicas" e "condenam categoricamente a tortura e tratamentos degradantes".
Sublinham ainda que "o direito à manifestação é constitucional", tratando-se de "um mecanismo pacífico e democrático para chamar a atenção do governo e exigir-lhe correção [de políticas] e diálogo".
"O governo deve atender o clamor social e dispor-se ao diálogo para essa correção, com agenda e condições de participação previamente acordadas, em que o reconhecimento e o respeito [entre as partes] estejam plenamente garantidos", lê-se no comunicado.
As câmaras de comércio afirmam ainda que é o "governo que está obrigado a dar sinais de mudança e de compromisso com a paz".
O documento prossegue explicando que seria um "sinal de boa vontade a libertação de todos os jovens e estudantes presos e [o estabelecimento de] uma agenda de libertação dos presos políticos", precisando que "o diálogo nunca será frutífero se se mantêm as condições de injustiça que têm sido motivo de protesto de cidadãos".
"A insegurança tem de se combater nas suas causas. O governo deve comprometer-se a combater a impunidade, trabalhar para restabelecer o Estado de Direito e construir uma agenda [verificável] para desarmamento dos grupos paramilitares e unidades de batalha socialistas, que atuam à margem da Constituição", afirmam.
Segundo os empresários "o governo tem promovido a ruína social através de uma economia socialista, com os controlos de divisas, custos e preços, e uma legislação laboral, [estabelecida] sem consulta, tem trazido consigo a escassez, a inflação, o desinvestimento, a desconfiança e o desemprego".
"A crise agravou-se por más decisões e pela violação sistemática dos direitos de propriedade de cada cidadão. A falta de abastecimento é o resultado do colapso do controlo cambial e a negação sistemática da liberdade de empresa", afirmam.
Os empresários insistem que estão "vivendo o colapso da economia" e advertem que o projeto de programa governamental provocará "a destruição vertiginosa" do aparelho produtivo da Venezuela.