A energia de reserva da central nuclear de Zaporíjia (ZNPP), que supõe um backup de segurança em caso de novo corte de eletricidade como os dois ocorridos esta semana, foi restabelecida, informou o Organismo Internacional de Energia Atómica (AIEA).
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"Os engenheiros ucranianos conseguiram restaurar a energia de reserva na ZNPP, um avanço muito necessário depois de a central nuclear ter perdido todo o acesso à eletricidade externa duas vezes na semana passada", disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
Grossi explicou que a disponibilidade de eletricidade de reserva externa "através do pátio de manobra da central térmica próxima fornece à maior central nuclear da Europa uma proteção no caso de a conexão com a última linha de energia de 750 quilovolts (kV) ser cortada novamente".
O responsável lembrou que quando a ligação à linha de energia foi cortada no sábado e, novamente na quarta-feira, devido aos danos causados pelo bombardeamento russo, a central teve que contar temporariamente com os seus geradores a diesel de emergência.
Os quatro especialistas da AIEA em Zaporíjia relataram que duas das linhas de energia de reserva da central foram reparadas e uma das linhas externas de 330 kV também foi restaurada hoje.
"Reestabelecer a conexão de energia de 'backup' é um passo positivo... embora a situação geral de segurança nuclear (em Zaporijia) permaneça precária", disse Grossi.
Enquanto isso, o ZNPP recebeu suprimentos adicionais de combustível para os seus 20 geradores a diesel, que chegaram em cinco camiões da cidade de Zaporíjia e dois do território controlado pela Rússia.
"Atualmente, a central tem combustível para pelo menos dez dias de operação a diesel em caso de perda de energia externa", refere a nota.
No comunicado de hoje, a AIEA não se refere à declaração do chefe da administração pró-russa da cidade ucraniana de Energodar, Alexandr Volga, de que a central já está a operar de acordo com os padrões russos e que a Rússia pagará os salários da central de energia nuclear previamente paga pelo operador ucraniano.
Grossi, que viajou para Kiev e Moscovo nos últimos dias para avançar nas negociações de um acordo para criar uma zona de proteção ao redor da central de Zaporíjia, deixou claro que para a AIEA essa central ainda é ucraniana.
À imprensa em Kiev o responsável adiantou, na quinta-feira que o órgão com sede em Viena que dirige, a agência nuclear das Nações Unidas, não pode reconhecer as recentes anexações russas do território ucraniano.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.