A Líbia foi palco de novos atos de violência em Tripoli e em Benghazi, onde um engenheiro francês foi morto a tiro, o que ilustra a anarquia reinante no país desde o fim do regime de Muammar Kadafi.
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Em Paris, o ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou "o homicídio" do engenheiro francês Patrice Réal e "condenou este ato odioso e cobarde", pedindo que os autores sejam "procurados e condenados rapidamente".
Benghazi, no leste do país, foi de novo palco de uma vaga de homicídios, principalmente de ocidentais e membros dos serviços de segurança.
Fonte médica no hospital Al-Jala de Bengazi disse que o engenheiro francês, de 49 anos, foi atingido por três balas. O ataque ocorreu no bairro de Ras Abeida, no centro da cidade.
Em dezembro, um professor norte-americano foi morto a tiro, também em Bengazi.
Ao princípio da noite, dezenas de manifestantes invadiram o edifício do Congresso Geral Nacional (CGN) líbio, a mais alta autoridade política do país, no centro da capital, e agrediram deputados.
"Dois membros (do CGN) foram atingidos por tiros quando tentavam sair do local em veículos pessoais", declarou à televisão líbia Al-Nabaa o presidente do CGN, Nuri Abu Sahmein, que apontou o dedo a "manifestantes armados".
O porta-voz do Congresso, Omar Hmidan, disse existirem "vários deputados feridos".
Uma deputada indicou à agência noticiosa francesa AFP que os manifestantes, jovens e na maioria armados com facas e bastões, gritavam: "Demissão, demissão".
Imagens transmitidas pela televisão pública líbia mostravam dezenas de manifestantes a entrar no Congresso, enquanto os deputados tentavam encontrar uma saída para abandonar o local.
Os manifestantes exigem a dissolução do CGN e protestavam contra "o sequestro", por homens armados, de manifestantes que, no sábado, participaram numa concentração.
O CGN desencadeou a fúria de grande parte da população ao decidir prolongar, até dezembro próximo, o seu mandato, que devia terminar no final do mês passado.
Sob pressão da rua, o Congresso decidiu recentemente organizar eleições antecipadas, mas sem marcar uma data.
O Congresso e o governo de transição são criticados por não terem conseguido restabelecer a ordem e pôr fim à anarquia que se vive no país, desde a queda do regime de Kadafi, em outubro de 2011.
O primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan, foi sequestrado durante algumas horas por um grupo armado em outubro passado.