Brasília receberá 300 mil pessoas. Atual mandatário despede-se sem desmobilizar base apoiante
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A capital federal brasileira corre contra o tempo para deixar tudo pronto para a posse de Lula da Silva como 39.º presidente do Brasil. Além da cerimónia protocolar com representantes de todo o Mundo, incluindo Portugal, o Partido dos Trabalhadores preparou concertos até a madrugada. O atual mandatário, Jair Bolsonaro, fez o último pronunciamento antes de deixar o cargo de chefe de Estado, condenando a tentativa de atentado terrorista por um apoiante, mas sem desmobilizar a base verde-amarela.
O Festival do Futuro, organizado pela futura primeira-dama, conhecida como Janja, começará na manhã de domingo e continuará até a madrugada. O evento na Esplanada dos Ministérios contará com diversos cantores brasileiros, como Pabllo Vittar, Martinho da Vila e Maria Rita. São esperadas mais de 300 mil pessoas no festival.
A posse começa à tarde, com um desfile de Lula da Silva e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin. Apesar do conselho da Polícia Federal para o uso de um carro fechado blindado, o "petista" quer manter a proximidade com os eleitores. A escolha do veículo deve ser feita à última da hora, segundo os media brasileiros.
A cerimónia continuará no Congresso Nacional, onde Lula deverá prestar juramento à Constituição brasileira. Em seguida, o novo mandatário receberá a faixa presidencial no Palácio do Planalto, apesar da ausência esperada de Jair Bolsonaro, que deve viajar para os Estados Unidos [ver ficha]. A imprensa especula os nomes dos presidentes da Câmara dos Deputados ou do Senado para o evento solene de passagem da faixa.
O novo presidente terá reuniões no Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia, com diversos chefes de Estado e representantes do Mundo. Nicolás Maduro é um dos esperados, após o Governo Bolsonaro autorizar ontem a vinda do venezuelano, a pedido da equipa de transição. Portugal será representado oficialmente pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que viajou esta sexta-feira para Brasília. Outro nome luso será o do ex-primeiro-ministro José Sócrates, amigo pessoal de Lula.
Último discurso
O presidente Jair Bolsonaro fez esta sexta-feira a última transmissão em direto do mandato, em que condenou a tentativa de explosão de um camião de combustível no aeroporto de Brasília. "Nada justifica. Um elemento, que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com qualquer cidadão", afirmou o chefe de Estado, que logo em seguida classificou as reinvindicações dos apoiantes à frente de quartéis como legítimas.
Bolsonaro disse que procurou uma solução, dentro da Constituição, para evitar a posse de Lula. "Eu busquei saída para isso daí. Se tinha uma alternativa para isso. Se a gente podia questionar uma coisa ou não", lamentou o mandatário. "Ninguém quer uma aventura. Agora, muitas vezes, dentro das quatro linhas [da Constituição], você tem que ter apoios", acrescentou.
O presidente afirmou que o Mundo não acabará a 1 de janeiro e partilhou a opinião que tem do futuro Executivo de Lula. "O que eu vejo desse Governo que está previsto para assumir domingo? É um Governo que começa capenga [defeituoso]", criticou Bolsonaro.