Entre cinco e dez mil refugiados bloqueados na Líbia, em situação muito vulnerável, poderão ser enviados para outros países em 2018.
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Em entrevista à agência "France Presse", Roberto Mignone afirmou que se tentará retirar "entre cinco e dez mil refugiados mais vulneráveis" da Líbia no próximo ano, sem poder fornecer um número exato "porque dependerá do número que possa ser hospedado por países na Europa, pelo Canadá ou por outros".
A Líbia, placa giratória para centenas de milhares de migrantes que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo, tem estado sob a mira de críticas, depois da indignação provocada pelas imagens de uma cadeia televisiva dos Estados Unidos de um "mercado de escravos" na capital, Tripoli, em que mulheres e homens são vendidos.
Na semana passada, o ACNUR lançou um apelo urgente para acolhimento antes de finais de março de 2018 de 1300 refugiados "extremamente vulneráveis" bloqueados na Líbia, após as revelações de abusos de que são vítimas naquele país do norte de África.
Mignone recordou que recentemente uma centena de refugiados foi evacuado para o vizinho Níger.
Um primeiro grupo de uma vintena de refugiados chegou nesta segunda-feira a França, novo país de acolhimento, e um milhar de outros deverá sair antes do fim de janeiro.
Com exceção da Itália, todas as embaixadas nos países ocidentais estão fechadas na Líbia desde 2014 por causa da violência.
Mais de 44.300 migrantes estão registados pelo ACNUR como refugiados na Líbia, dos quais 85% são sírios, iraquianos e palestinos estabelecidos na Líbia há vários anos.
Muitas pessoas que poderiam ser considerados refugiados não estão na lista do ACNUR, disse Mignone, embora seja "difícil determinar o número exato".
Na Líbia, os refugiados do Iraque, da Síria, dos territórios palestinianos, da Somália, da Eritreia, do Darfur sudanês e dos etíopes do grupo étnico Oromo são automaticamente registados como refugiados, observou Mignone.
De acordo com o representante, o ACNUR visitou este ano cerca de 30 centros superlotados sob o controlo das autoridades da Líbia, onde os migrantes estão em condições "muito difíceis".
Em outubro, o porta-voz do ACNUR, Andrej Mahecic, afirmou que a organização da ONU está a operar na Líbia para atender às necessidades urgentes de mais de 14.500 migrantes e refugiados.
As autoridades líbias calculam que cerca de seis mil pessoas estão detidas por contrabandistas e traficantes de pessoas, pelo que o ACNUR estima que o número total de migrantes e refugiados na Líbia ultrapasse os 20 mil.