Numa altura em que as sondagens lhe ditam uma pesada derrota a 4 de julho, Rishi Sunak, o primeiro-ministro britânico, assiste a um escândalo em torno de apostas sobre o dia das eleições, envolvendo pessoas ligadas ao Partido Conservador. Sunak está "incrivelmente zangado".
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Várias pessoas ligadas ao Partido Conservador, do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, estão a ser investigadas devido a apostas sobre a data das eleições, agendadas para 4 de julho. Uma dessas pessoas é a candidata Laura Saunders, sobre quem recaem suspeitas de ter cometido delitos.
O anúncio de eleições antecipadas foi feito por Sunak em maio. Mas, até então, a data foi mantida em segredo. Pelo menos, aparentemente. Há dias, os jornais britânicos davam conta de que um dos guarda-costas da polícia do primeiro-ministro tinha sido detido, por suspeita de ter apostado na data das eleições antes de ser anunciada. Terá sido depois libertado sob fiança.
Antes, já um assessor de Sunak, Craig Williams, que também é candidato à reeleição para o Parlamento, admitiu que estava a ser investigado pela Comissão de Jogos por ter apostado 100 libras (cerca de 118 euros) nas eleições de julho antes de o dia ser conhecido. O retorno da aposta terá sido de cerca de 600 euros. Williams chegou a reconhecer o erro e pediu desculpa.
Até ao anúncio de Sunak, todos pensavam, incluindo os próprios conservadores, que as eleições iriam ser marcadas para outubro. O escândalo está a abalar o partido a poucos dias de um ato eleitoral em que se prevê uma pesada derrota para o atual líder do Governo.
Voltemos a Laura Saunders. Antes de ser candidata, trabalhou para o Partido Conservador desde 2015. É casada com Tony Lee, diretor de campanha dos Tories, que está a ser investigado pela Comissão de Jogos pelo mesmo motivo e, inclusivamente, afastou-se dos holofotes, ou seja, abandonou a campanha.
Em causa está o uso de informação confidencial para se obter uma vantagem injusta numa aposta, o que pode constituir fraude.
Um porta-voz do Partido Conservador confirmou que foram contactados pela Comissão de Jogos a propósito “de um pequeno número de pessoas” que estavam sob investigação.
Num programa da BBC, o primeiro-ministro confessou estar “incrivelmente zangado” com as alegações sobre os conservadores, dizendo que devem “enfrentar toda a força da lei” caso se prove que cometeram crimes.
Para o Partido Trabalhista, este escândalo é mais um exemplo da linha de clientelismo dos conservadores, numa referência à forma como vários contratos governamentais lucrativos foram entregues a pessoas associadas aos Tories durante a pandemia.