Espanha fala em "situação dramática" e avisa que vai ter de deixar pessoas para trás

A ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles
EPA
Espanha não vai conseguir retirar todos os afegãos que serviram em missões espanholas no Afeganistão por causa da situação "dramática" no local, anunciou a ministra da Defesa, Margarita Robles, esta terça-feira.
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"Vamos retirar o maior número de pessoas possível, mas há pessoas que ficarão por motivos que não dependem de nós, mas da situação lá", disse Robles, durante uma entrevista à rádio "Cadena Ser". "É uma situação muito frustrante para todos, porque, mesmo para quem chega a Cabul, o acesso ao aeroporto é muito complicado", acrescentou.
"Os talibãs estão a tornar-se mais agressivos, há tiros, a violência é mais óbvia. A situação é francamente dramática e, além disso, a cada dia que passa fica pior porque as pessoas estão conscientes de que o tempo se está a esgotar", continuou.
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Como outras nações europeias, Espanha tem retirado os seus cidadãos que trabalham no Afeganistão desde que os talibãs assumiram o poder há dez dias. Madrid já retirou pouco mais de 700 pessoas do Afeganistão, mas Robles disse que ainda havia "muitas pessoas" que precisavam de partir.
O governo espanhol sempre se recusou a fornecer um número total de pessoas que planeava tirar do país.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão disse que o tempo planeado para sair do Afeganistão "não será suficiente" para retirar todas as pessoas que desejam sair do país. "Mesmo que (a operação de retirada) dure até 31 de agosto ou mais alguns dias, não será suficiente", explicou Heiko Maas numa entrevista ao jornal "Bild", pedindo novamente mais diálogo com os talibãs para garantir as transferências.
França termina ponte aérea na quinta-feira
França terminará na quinta-feira as operações em Cabul se os EUA saírem do Afeganistão em 31 de agosto, como previsto, disse, esta terça-feira, o chefe do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
Se os EUA mantiverem o objetivo de uma retirada total em 31 de agosto, "para nós, em termos de 'planeamento antecipado', isso significa que a nossa operação termina na noite de quinta-feira. Portanto, ainda temos três dias", explicou Nicolas Roche ao primeiro-ministro, Jean Castex, na presença de jornalistas, segundo a agência France-Presse (AFP).
O governo de Paris identificou 62 cidadãos franceses ainda por retirar do Afeganistão e um grande número de afegãos solicitou ajuda para sair do país, que as autoridades estão a examinar, acrescentou a AFP.
O presidente dos EUA, Joe Biden, definiu um prazo de 31 de agosto para terminar o caótico transporte aéreo organizado por milhares de soldados temporariamente destacados dos EUA e do Reino Unido, mas deixou a porta aberta para uma extensão, se necessário. No entanto, um porta-voz dos talibãs alertou, na segunda-feira, que o grupo islâmico não concordaria com qualquer extensão e ameaçou com "consequências".
O Reino Unido indicou que pretende solicitar aos EUA que prolonguem a operação em Cabul, mas o secretário da Defesa britânico, Ben Wallace, admitiu, esta terça-feira, ser improvável que essa operação possa continuar depois de 31 de agosto. "Acho improvável, não apenas devido ao que os talibãs disseram, mas [também] tendo em conta as declarações públicas do presidente [Joe] Biden", disse Ben Wallace, na cadeia televisiva "Sky News".
