Pinturas, esculturas, peças de joalharia, mobiliário e ornamentos religiosos estão entre os mais de cinco mil objetos saqueados durante a ditadura de Franco e que agora fazem parte de uma lista que o Ministério da Cultura de Espanha publicou, com o objetivo de serem identificados pelos familiares dos proprietários.
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As peças estavam sob custódia quando eclodiu a guerra civil espanhola, mas não chegaram a ser devolvidas.
Com esta medida, o Governo pretende proporcionar “justiça, reparação e dignidade” às vítimas do conflito, que decorreu entre 1936 e 1939 e foi seguido pela ditadura de Franco. Segundo o jornal britânico “The Guardian”, as peças foram armazenadas pelo Governo republicano quando se deu o golpe militar de julho de 1936, que desencadeou a guerra, mas nunca voltaram às mãos dos proprietários.
Num texto publicado na sua página oficial, o Ministério da Cultura explica que o inventário começou a ser feito no ano passado junto dos museus estatais, estando na lista 5 126 peças que foram identificadas por nove museus de Madrid, Valência e Valladolid. Também na sede do ministério estava guardada uma pintura com a mesma proveniência.
A lista completa, com imagens, está publicada online.
Durante os primeiros dias da revolta militar, o Governo republicano criou um comité para proteger o património artístico de saques e bombardeamentos. Seguiu-se a criação de um serviço nacional que tinha a incumbência de devolver as obras no final da guerra, mas com a vitória de Francisco Franco muitas foram apreendidas e distribuídas por museus, coleções e instituições, segundo o ministério.
A publicação do inventário online tem uma dupla função, segundo o ministro espanhol da Cultura. “Estamos a oferecer um espaço onde as pessoas podem conhecer a nossa história”, disse Ernest Urtasun, acrescentando que também se abre a porta “para devolver as peças que podem ser identificadas aos seus legítimos proprietários.”