O Governo espanhol considerou esta quarta-feira que os migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo pesqueiro "Nuestra Madre Loreto" devem ser levados de volta à Líbia, e recusou a proposta da Comunidade Valenciana para os acolher, anunciou fonte oficial.
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Citado pela agência EFE, o delegado do Governo para a Comunidade Valenciana, Juan Carlos Fulgencio, declarou que Espanha "não pode considerar qualquer outra opção" que não seja o regresso dos migrantes à Líbia.
"Porque se trata de um resgate em alto mar, falamos de naufragados, e as leis marítimas dizem que têm de ser levados a um porto seguro na zona do resgate, neste caso, à Líbia", justificou.
Juan Carlos Fulgencio assegurou que o executivo está a trabalhar "de forma intensa" para que a Líbia se encarregue de acolher o pesqueiro em qualquer um dos seus portos, admitindo que as negociações "avançam com lentidão", mas que há um "contacto permanente com o navio.
Na passada quinta-feira, na sequência do resgate dos migrantes pelo pesqueiro "Nuestra Madre Loreto", perto das costas da Líbia, a Comunidade de Valência ofereceu-se para os acolher.
O Governo espanhol, no entanto, considerou que a situação cabe às autoridades líbias.
Questionado sobre a proposta da Comunidade Valenciana, Juan Fulgencio assegurou que "entende perfeitamente" aquela posição, mas que "o Governo de Espanha deve cumprir as normas internacionais".
Os 12 migrantes, oriundos do Níger, Somália, Sudão, Senegal e Egito, permanecem no pesqueiro juntamente com a tripulação de 13 membros, confrontados com ventos de 35 nós (cerca de 65 quilómetros por hora) e ondas de vários metros de altura, segundo o explicou à agência EFE a mãe de Pascual Durá, o capitão do pesqueiro.
Em julho de 2006, a embarcação já tinha salvado a vida de 51 migrantes, entre os quais uma mulher grávida e uma criança de dois anos, recolhidos perto das costas de Malta.
O episódio dirigiu a atenção mediática sobre o problema das migrações, já que os migrantes estiveram uma semana a bordo devido às lentas negociações entre os governos de Malta e Espanha até que se chegasse ao acordo de os desembarcar em La Valletta, capital de Malta.
Mais de 106 mil migrantes chegaram à Europa por via marítima desde o início do ano, segundo a Organização Internacional para as Migrações, que registou 2119 mortes durante este período.