Nacionalistas catalães e bascos aguardam o resultado do referendo sobre a independência na Escócia com especial interesse, conscientes de que o resultado irá condicionar o desenrolar de outros processos separatistas.
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Na Catalunha, onde o movimento independentista ganhou nova força após a massiva manifestação da Diada, realizada no passado dia 11 de setembro, a legalidade do referendo escocês gera "inveja" dentro do setor que defende a autodeterminação, como afirmou o presidente da Generalitat, Artur Mas.
Apesar das diferenças, o movimento independentista na Catalunha espera que o exemplo da Escócia sirva também para legitimar a convocação de uma consulta com contornos semelhantes. De resto, uma lei de consultas poderá ser mesmo aprovada esta sexta-feira no Parlamento daquela comunidade autónoma.
No entanto, o Governo de Mariano Rajoy está, por sua vez, a mover todos os meios legais ao seu alcance para impedir a realização do referendo.
Assim, caso a convocação do referendo para dia 9 de novembro seja publicada no Boletim Oficial del Estado (o equivalente ao Diário da República português), o que deverá suceder este mesmo sábado, o Governo espanhol poderia convocar um Conselho de Ministros extraordinário para este fim-de-semana, para tomar medidas de caráter urgente. Em cima da mesa está a aprovação de um ou dois recursos destinados a impugnar a decisão da Generalitat catalã.
O recurso será posteriormente analisado pelo Conselho de Estado espanhol, que o enviará de seguida para o Tribunal Constitucional. Assim que este for admitido, a convocação do referendo ficará automaticamente suspensa.
Por sua vez, também no País Basco o modelo escocês está a ser acompanhado com atenção. "A Escócia demonstrou ser possível, a partir da negociação e do acordo, decidir em liberdade o seu futuro político", afirmou esta quinta-feira o presidente daquela comunidade autónoma, Iñigo Urkullo. Assim, ao contrário do homólogo catalão, representante basco garantiu que pretende avançar com uma consulta, mas com o aval do governo central.