Marcha em Madrid contou com dezenas de milhares a pedir medidas urgentes contra especulação imobiliária.
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Da Atocha à Gran Vía, milhares de pessoas marcharam este domingo na capital espanhola contra a crescente crise de especulação imobiliária, que torna cada vez mais difícil o pagamento das rendas nas cidades do país. Os manifestantes pedem mais regulação do Governo, com os inquilinos dispostos a realizar uma greve.
A porta-voz do Sindicato dos Inquilinos, Valeria Racu, que considerou a manifestação “histórica”, afirmou à agência EFE que se esgotou o tempo para os senhorios, os patrões e o Governo. “Não há polícia, tribunais ou valentões suficientes para nos expulsar a todos daqui”, garantiu.
Enquanto a Delegação do Governo de Madrid calculou cerca de 22 mil participantes, o sindicato estimou em cem mil e a Federação das Associações dos Vizinhos em 400 mil, segundo o diário “El País”.
Durante a marcha dominada pelos jovens foi possível ouvir palavras de ordem como “Madrid será o túmulo do rentismo”, “Madrid não aguenta mais, Madrid levanta-se” e “Os senhorios estão a roubar-nos os salários”.
Entre as dez exigências presentes no manifesto publicado pelas 39 organizações sociais está a imposição de preços máximos de rendas que forcem a redução dos atuais valores, a ampliação do parque habitacional público e do arrendamento social.
Outras medidas incluem o cancelamento dos despejos em caso de não existir uma alternativa de moradia e a suspensão imediata das licenças para habitações turísticas em bairros e municípios com alta demanda.
O alojamento local já tinha sido banido na prática em Barcelona, onde a autarquia anunciou, no verão, que não iria emitir novas licenças e não renovaria as mais de dez mil existentes. Desta forma, até ao final de 2028 a capital catalã deve acabar com o arrendamento de curta duração para turistas.
Greve dos inquilinos
Cansada de “promessas vazias” do Executivo espanhol, Racu quer a demissão da ministra da Habitação Isabel Rodríguez e defende uma greve dos inquilinos. A ação, que a dirigente sindical espera ter início na segunda-feira em todos os bairros de Espanha, consiste na recusa em massa de pagar as rendas aos senhorios. O objetivo, explica, é cortar em 50% o valor dos arrendamentos.
Socialistas culpam PP
Apesar de comandarem o Palácio da Moncloa, os partidários do primeiro-ministro Pedro Sánchez culpam o Governo da Comunidade de Madrid, de Isabel Díaz Ayuso, do Partido Popular (PP). O secretário-geral das Juventudes Socialistas, Javier Camino, citado pela EFE, referiu o “terrorismo” contra os jovens praticado pelos conservadores na autarquia.