Especialistas em segurança aérea disseram que estão a analisar imagens dos momentos finais do Boeing 737-800, que se despenhou na segunda-feira, numa queda quase vertical, contra uma encosta arborizada, no sul da China.
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Os investigadores ainda não anunciaram a recuperação dos registos do aparelho das chamadas "caixas negras" do avião. O equipamento, que está fortemente protegido, regista informações como o desempenho da aeronave e registos áudio da cabina.
As imagens de vídeo, registadas pelas câmaras de segurança de uma empresa de mineração e de um carro que viajava nas proximidades, foram amplamente partilhadas nas redes sociais chinesas.
Major #planecrash in #China, Boeing 737 plane crashed into the mountains, 132 passengers were on board.
- Rajan Kumar Jha (@RealRajanjha) March 21, 2022
we can see the falling plane in CCTV footage. pic.twitter.com/sMmbZjMSO4
Nestas imagens, o Boeing 737-800, operado pela China Eastern Airlines, é visto numa queda quase vertical, a centenas de quilómetros por hora. José Correia Guedes, ex-piloto da TAP e especialista em aviação, considera "muito preocupante" a forma como caiu o avião, que "picou" para o solo.
"Perdeu 20 mil pés em dois minutos. Última velocidade registada antes do impacto 696 km/h. Algo de muito estranho terá acontecido", escreve o ex-piloto e conhecido autor de livros sobre aviação. "A seguir com atenção", acrescentou na conta pessoal do Twitter.
Muito preocupante. Boeing 738 da China Eastern depenhou-se perto de Guangzhou. Voava a FL290 quando "picou" para o solo. Perdeu 20,000 pés em 2 minutos. Última velocidade registada antes do impacto 696 km/h. Algo de muito estranho terá acontecido. A seguir com atenção pic.twitter.com/hCEWKQ3Hjw
- José Correia Guedes (@cpt340) March 21, 2022
De acordo com dados do "site" de rastreamento de voos FlightRadar24, o Boeing 737-800 perdeu velocidade, antes de entrar numa descida acentuada durante um minuto e meio.
Dados de satélite registados pela agência espacial norte-americana NASA mostraram um grande incêndio na área onde o avião caiu, no momento do impacto.
O acidente ocorreu no sul da província de Guangxi, cerca de uma hora depois de o voo partir de Kunming, capital da província vizinha de Yunnan.
A bordo do voo MU5735 estavam 132 pessoas, 123 passageiros e nove tripulantes, disse a Administração da Aviação Civil da China.
A imprensa estatal chinesa disse que a polícia local recebeu os primeiros telefonemas de moradores a alertar sobre o acidente por volta das 14:30 de segunda-feira na China (06:30 de segunda-feira em Lisboa).
O departamento de gestão de emergências da província de Guangxi disse que o contacto com o avião foi perdido às 14:15 (06:15 em Lisboa), quando o aparelho se encontrava a sudoeste da cidade de Wuzhou.
Na segunda-feira, a Autoridade Federal de Aviação dos Estados Unidos afirmou estar "pronta para ajudar nos esforços de investigação, caso seja solicitado", tal como a construtora Boeing.
"A Boeing está em contacto com o Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos EUA e os nossos especialistas técnicos estão preparados para ajudar na investigação, liderada pela Administração de Aviação Civil da China", disse a empresa, na rede social Twitter.
O ex-diretor do agência de investigação e análise para a segurança da aviação civil francesa Jean-Paul Troadec considerou os dados são "muito incomuns", mas sublinhou ser "muito cedo" para tirar conclusões, de acordo com a agência de notícias France-Presse.
Na opinião de Juan Browne, um piloto de aparelhos Boeing 777 e analista de acidentes de aviação na Internet, os investigadores vão procurar, antes de mais, determinar "se a aeronave estava inteira quando atingiu o solo ou se algo caiu do avião durante a queda".
O piloto, que considerou "extremamente raro" que uma aeronave registe uma queda quase vertical, disse que "o vídeo sugere que a aeronave estava inteira", avançando que os investigadores deverão focar-se nas superfícies móveis, na parte traseira do avião, que controlam a inclinação do nariz da aeronave.
O Boeing 737 bimotor de corredor único é um dos aviões mais populares do mundo para voos de curta e média distância.
A China Eastern opera várias versões daquele modelo, incluindo o 737-800 e o 737 Max.
A utilização da versão 737 Max esteve suspensa em todo o mundo, após dois acidentes fatais. O regulador de aviação civil da China voltou a permitir o seu uso no final do ano passado.
O último acidente mortal com um avião civil registado na China ocorreu em 2010.