A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou, esta quinta-feira, à chegada a Bruxelas para um Conselho Europeu que "espionagem entre amigos é algo que não se faz", referindo-se às escutas de que terá sido alvo por parte dos serviços secretos norte-americanos.
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Sustentando que a espionagem entre aliados é "inaceitável", e que "a confiança deve ser agora restabelecida", Merkel revelou que já teve oportunidade de dizer isso mesmo ao presidente norte-americano, Barack Obama, na quarta-feira à noite, numa conversa telefónica.
Merkel, cujo telemóvel terá sido alvo de escutas, lembrou ainda que já tivera oportunidade de lho transmitir em junho, por ocasião de uma visita do presidente norte-americano a Berlim, e em julho, também numa conversa telefónica, ainda antes das revelações de que também a chanceler alemã foi alvo da espionagem norte-americana a líderes europeus.
O caso das escutas norte-americanas já foi abordado em Bruxelas por Merkel com o presidente francês, François Hollande, num encontro bilateral a anteceder a cimeira, indicaram fontes diplomáticas francesas, citadas pela agência noticiosa AFP.
Segundo o diário Le Monde, também terão sido intercetadas milhões de chamadas telefónicas em França pela Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana.
O tema tornou-se o assunto dominante no arranque da cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, tendo o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, confirmado que o tema vai ser discutido ao mais alto nível.
Antes do arranque da cimeira, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ao ser questionado sobre o tema, declarou que, na União Europeia, o direito à privacidade é "fundamental".
"Soubemos até recentemente o que é o totalitarismo e o que é a intromissão do Estado na vida privada", sublinhou José Manuel Durão Barroso, exemplificando com a ação da polícia política na ex-República Democrática da Alemanha, que "espiava as pessoas quotidianamente".