O serviço de informações alemão diz haver entre 80% e 90% de hipóteses de o vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, ter tido origem numa fuga acidental de um laboratório na cidade chinesa de Whuan. A China e a Organização Mundial de Saúde refutam esta tese que consta de um relatório de 2020 nunca divulgado.
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Segundo os jornais "Die Zeit" e "Sueddeutscher Zeitung", o Serviço Federal de Informações da Alemanha (BND) reuniu-se em Berlim, em 2020, para investigar a origem da pandemia, numa operação chamada Projeto Saaremaa.
Estes jornais descobriram detalhes da avaliação realizada pelo BND, baseada numa experiência do Instituto de Virologia de Wuhan, em que vírus eram modificados para se tornaram mais transmissíveis entre o ser humano. Esta avaliação nunca chegou a ser publicada, mas confirmava que havia entre 80 e 90% de probabilidade de a origem da covid estar num laboratório chinês.
A investigação encontrou indicações de várias violações dos regulamentos de segurança naquele laboratório e a teoria foi avaliada como “provável”.
No ano passado, as descobertas foram partilhadas com a Agência Central de Informações dos EUA (CIA) que, em janeiro deste ano, divulgou que era mais provável uma “origem relacionada com a investigação científica” do que uma origem natural, embora tenha alertado para a falta de confiança nesta suposição.
China refuta tese alemã
No início de 2021, cientistas da OMS voaram até Wuhan, na China, para investigar a origem da pandemia. Após 12 dias, a equipa concluiu que a origem do vírus em laboratório era impossível. Os defensores da hipótese de origem natural, apoiada no relatório da OMS, acreditam que a pandemia surgiu de morcegos e passou para os humanos através de outro animal que funcionou como "hospedeiro intermediário".
"A conclusão de que a origem laboratorial é extremamente improvável foi alcançada pela equipa de especialistas chineses, juntamente com a Organização Mundial da Saúde, após visitas aos laboratórios de Wuhan e discussões aprofundadas entre os cientistas”, explicou, na altura, Mao Ning, diretora do Departamento de Informação do Ministério das Relações Exteriores da China.
A diplomata chinesa partilhou que esta conclusão foi reconhecida pela comunidade internacional e científica, pelo que a China se opõe a qualquer manipulação política sobre questões de investigação da origem da covid.
Esta hipótese foi posta em cima da mesa no início da pandemia, no entanto, os cientistas nunca encontraram um vírus em morcegos ou em outro animal com a composição genética do SARS-CoV-2.