Os russos planearam uma guerra-relâmpago e os ucranianos responderam com uma resistência moldada pelo orgulho. Os ucranianos denunciaram atos de genocídio e Putin garantiu que os crimes de guerra eram cometidos pelo inimigo.
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Pelo meio, há uma ameaça nuclear que deixa o Mundo em suspenso, mas também uma onda solidária que há muito não se via na Europa.
A - Armas
Acusações de uso de armamento proibido
O Exército russo tem sido acusado de recorrer a armas proibidas pela Convenção de Genebra. Primeiro, foi denunciado o uso da "mãe de todas as bombas", armas termobáricas capazes de vaporizar um corpo humano, e, nos últimos dias, foi levantada a possibilidade da utilização de armas químicas ou biológicas. A Rússia negou todas as acusações e alegou que os Estados Unidos da América é que financiaram laboratórios de armas químicas na Ucrânia.
B - Bombardeamentos
Regulares, mortíferos e com vários alvos
Desde que a guerra começou que os bombardeamentos seguem regulares e mortíferos. Do lado da Rússia, os alvos são equipamentos militares e prédios civis. Já os ucranianos tentam atingir as colunas militares que procuram chegar, com rapidez e em força, às principais cidades.
C - Conversações
Encontros marcados pelo insucesso
Foram três as tentativas para alcançar um cessar-fogo, mas nenhuma teve efeitos práticos. Bem pelo contrário. A cada encontro entre ucranianos e russos, as duas partes surgiram mais afastadas relativamente a um acordo que levasse à paz. A última reunião, ocorrida na quinta-feira, terminou com uma conferência de imprensa arrasadora do ministro russo Sergei Lavrov.
D - Donbass
Independência foi pretexto para a guerra
Na antecâmara da guerra, Vladimir Putin declarou a região de Donbass, que integra as repúblicas de Donetsk e Lugansk, independentes. Foi o pretexto necessário para, logo no dia seguinte, invadir a Ucrânia.
E - Europa
Apoio de 450 milhões para armamento
A Europa reuniu-se, de imediato, em torno da Ucrânia. Pela primeira vez na sua história, a União Europeia aprovou um pacote de 450 milhões de euros para financiar a compra de armamento para ceder à Ucrânia. Vários países europeus, incluindo Portugal, também enviaram munições, mísseis e outro equipamento de defesa para as forças armadas lideradas por Zelensky.
F - Fuga
Corredores (pouco) humanitários
Muitos civis teimam em permanecer na Ucrânia para combater o inimigo, mas milhões querem fugir à guerra. Só que não têm por onde. A criação de corredores humanitários - que também servem para levar comida e medicamentos a civis - tem sido uma tarefa pouco menos que impossível.
G - Gasolina
Escalada de preços afeta tudo e todos
O preço da gasolina subiu, de uma só vez, 10 cêntimos após o início dos bombardeamentos. No gasóleo, o aumento foi de 16 cêntimos. Consequências de uma guerra que teve um impacto tremendo na economia europeia. Ainda em Portugal, o preço do milho triplicou e já se antecipa que muitos produtos desapareçam das prateleiras dos supermercados.
H - Haia
Crimes de guerra investigados
A partir da sua sede, em Haia, nos Países Baixos, o Tribunal Penal Internacional decidiu enviar para a Ucrânia uma equipa para investigar as suspeitas de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e atos de genocídio cometidos pela Rússia. Mais uma vez, as acusações foram feitas pelos ucranianos e refutadas pelos russos.
I - Invasão
Palavra proibida para o Kremlin
Invasão, tal como guerra, foi sempre uma palavra rejeitada por Putin. Mas o certo é que, depois de entrar em Donbass, as forças armadas comandadas a partir do Kremlin perseguiram, por diferentes latitudes e com quase todos os meios disponíveis, a conquista de território de um país independente.
Americano apoia à distância
O presidente dos Estados Unidos da América foi dos primeiros a criticar a ação militar da Rússia e, desde o início dos combates, que não poupa nas críticas ao arqui-inimigo. Recusa colocar soldados americanos no terreno para não espoletar a terceira guerra mundial, no entanto, à boa maneira da Guerra Fria, recorre a atores internacionais para defender os interesses do seu país.
K - Kiev
Alvo final é de acesso difícil
Kiev está na mira dos canhões russos desde que os tambores da guerra começaram a rufar. Putin sabe que a conquista da capital ucraniana levaria à capitulação do Governo de Zelensky, está a fazer tudo para concretizar o objetivo, mas o avanço das tropas russas tem sido lento e repleto de dificuldades inesperadas para quem projetou uma blitzkrieg.
L - Lavrov
"Senhor Não" lidera negociações
O ministro dos Negócios Estrangeiros é a única figura russa a disputar protagonismo com Vladimir Putin. Com o epíteto de "Senhor Não", Sergei Lavrov é um negociador implacável, faceta que ficou visível na última ronda de negociações, nas quais recusou sempre abordar um eventual cessar-fogo.
M - mortos
Número aumenta a cada dia que passa
O contador não pára e o número de civis mortos rondava, segundo a ONU, os 600 no final da semana. A mesma organização apontava para a existência de quase mil feridos. Já no que diz respeito às baixas entre militares, as informações veiculadas por ucranianos e russos são completamente díspares. Zelensky confirmou a morte de 1300 soldados do seu exército.
N - Nuclear
Ameaça mantém Mundo em suspenso
A Rússia é a maior potência nuclear do Mundo e faz questão de que todos os que estão envolvidos no conflito não o esqueçam. A ameaça nuclear é a arma de arremesso que mantém, pelo menos de forma direta, americanos e europeus longe do teatro de operações. Ninguém quer dar uma desculpa a Putin para carregar no "botão vermelho" que pode destruir uma boa parte do planeta.
O - Olena Zelenska
Mulheres de armas são inspiração
A guerra na Ucrânia também se faz no feminino e a mulher de Zelensky tem sido apontada como um exemplo de perseverança e coragem. Olena Zelenska preferiu manter-se ao lado do marido a refugiar-se num país amigo e, a partir de Kiev, denunciou a morte de crianças na sequência de bombardeamentos russos. Muitas ucranianas seguiram o seu exemplo e não hesitaram em pegar numa arma.
P - Putin
Tem a guerra e os russos nas mãos
Para uns, é o senhor da guerra. Para outros, é o defensor do orgulho, da história e da grandeza imperialista da Rússia. Seja o que for, um facto é garantido: Putin é a cérebro e o coração da Rússia e só ele tem a capacidade de terminar com a guerra que o próprio decidiu iniciar.
Q - Quarteira
Onda solidária percorre Portugal
A cidade algarvia recebeu, na manhã de ontem, 48 refugiados ucranianos. Os 17 adultos, entre os quais uma grávida, e 31 crianças (oito delas com menos de 5 anos) estão instalados num hotel local e foram apenas algumas das vítimas de guerra auxiliadas pela onda de solidariedade que percorreu Portugal. Autarquias, IPSS, escolas, clubes desportivos e grupos de cidadãos abraçaram a causa ucraniana sem reservas.
R - Refugiados
Contagem já passa os 2,5 milhões
Mais de 2,5 milhões de pessoas abandonaram a Ucrânia desde o início da invasão. A maioria atravessou a fronteira da Polónia, mas Moldávia, Roménia, Eslováquia e Hungria também estão confrontadas com um êxodo de mulheres e crianças que já teve repercussões em Portugal. O país recebeu mais de seis mil pedidos de proteção temporária.
S - Sanções
A arma de quem não pode combater
A comunidade internacional está a apostar no efeito dissuasor que as sanções económicas possam ter em Moscovo e, a cada dia que passa, endurece as medidas restritivas a tudo o que tem laços com a Rússia. Os ativos financeiros dos oligarcas, inclusive os de Putin e Lavrov, foram congelados, sete bancos russos foram excluídos do sistema bancário SWIFT, as importações de produtos russos estão condicionadas e algumas das grandes empresas mundiais suspenderam a atividade em território russo.
T - Tropas
Enfrentar monstro bélico com orgulho
Os exércitos em confronto são incomparáveis. Putin lidera umas forças armadas com 900 mil soldados, 2840 tanques, 5220 veículos de combate, 1846 aviões, 832 helicópteros e 150 mísseis balísticos. A Ucrânia responde com 145 mil tropas, 858 tanques, 1184 veículos de combate, 187 aviões, 47 helicópteros, 90 mísseis balísticos e uma resistência popular que ninguém antecipou.
U - Ucrânia
Preço da aproximação ao Ocidente
A Ucrânia era uma das repúblicas que formavam a União Soviética e só a queda da cortina de ferro, em 1991, lhe devolveu a independência. A Rússia, contudo, nunca abdicou de uma forte presença no território e de controlar o Governo em funções. A tal ponto que, em 2014, centenas de pessoas se mantiveram em protesto durante 93 dias, na Praça de Maidan. Exigiam a deposição do presidente pró-russo Viktor Yanukovych e a integração da Ucrânia na União Europeia. Zelensky deu corpo a essa vontade.
Uma estrela da TV e da guerra
Volodymyr Olexandrovytch Zelensky. É este o nome da figura maior da guerra em curso. O antigo ator e comediante chegou à liderança do Governo ucraniano com surpresa e enfrentava dificuldades para cumprir a promessa de combater a corrupção que grassa no país. Com o eclodir da guerra, Zelensky vestiu o camuflado, recusou fugir para os Estados Unidos da América e publicou vários vídeos nas redes sociais a desafiar o poder de Moscovo. Transformou-se num herói para os ucranianos e para os seus aliados.
w - Wagner
Milícia privada para assassinar Zelensky
O Grupo Wagner é uma milícia privada, que terá sido fundada em 2017, na Rússia. Embora ninguém confirme, é uma organização de mercenários, que combate ao lado de quem lhe paga. Por ter sido criado por um antigo oficial russo ligado ao Kremlin, há quem diga que também é o exército privado de Putin. Fontes militares ocidentais asseguram que o grupo está na Ucrânia com a missão de assassinar Zelensky.
X - Xi Jinping
Solução pode passar pela China
O presidente chinês pode ser uma peça fulcral na resolução do conflito. Próximo de Putin, Xi Jinping limitou-se, para já, a apelar "à máxima contenção" e ao diálogo entre as forças beligerantes, mas a posição que, no futuro, assumir pode influenciar, para o bem ou para o mal, a estratégia da Rússia. O francês Emmanuel Macron e o alemão Olaf Schulz têm sido os políticos mais ativos na procura de uma solução para a guerra, mas a sua ascendência sobre Moscovo está longe da permitida à China.
y - Yevhen Zvonok
Morreu após pousar luvas para pegar na arma
Aos 22 anos, era campeão nacional de kickboxing da Ucrânia e uma das promessas mundiais da modalidade. Com o eclodir da guerra, e como tantos outros atletas e artistas, abandonou os ringues para pegar numa arma e combater ao lado das forças armadas do seu país. A sua luta durou poucos dias. Yevhen Zvonok morreu após um bombardeamento à cidade de Chernigov.
z - Z pintado nos tanques
Símbolo identitário e de apoio à Rússia
Foi com surpresa que o Mundo assistiu ao aparecimento de tanques e carros de combate russos pintados com um grande Z. O significado da letra foi alvo de muita especulação e, ainda hoje, ninguém consegue dizer, com certeza, o que queria dizer. Perante a ambiguidade, o Z foi adotado como um símbolo da vitória russa e de apoio a Putin.