A antiga presidente brasileira Dilma Rousseff viu reconhecido pelo estado brasileiro o facto de ter sido alvo de "atrocidades" durante a ditadura e vai receber indemnização de 100 mil reais, cerca de 15 mil e 500 euros
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O estado brasileiro reconheceu, por unanimidade, nesta quinta-feira, 22 de maio, que a antiga presidente do país Dilma Rousseff, de 77 anos, sofreu “atrocidades” durante a ditadura militar, de 1964 e 1985, quando fez parte do movimento de resistência ao regime.
A decisão foi comunicada pela presidente da Comissão de Amnistia do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, órgão que emana do executivo brasileiro. A partir de Brasília, Ana Maria Lima de Oliveira considerou que “esta comissão, pelos poderes que lhe são conferidos, declara-a amnistiada”. “E, em nome do Estado brasileiro, pede-lhe desculpas por todas as atrocidades que o Estado ditatorial causou à senhora e à sua família”, declarou a responsável.
A comissão estabeleceu ainda um valor de compensação no valor de 100 mil reais, pouco mais de 15 mil e 500 euros, por danos causados à ex-chefe de Estado, que liderou os destinos do Brasil entre 2011 e 2016. Dilma lutou contra o governo militar brasileiro e, em 1970, foi condenada à prisão e depois torturada por pertencer a um grupo armado clandestino, tinha então 22 anos.
Este processo de amnistia foi inicialmente submetido em outubro de 2002, mas foi ficando suspenso sempre que Dilma Rousseff ocupava cargos públicos. Depois de ter sido afastada da presidência do Brasil, por alegada gestão irregular do orçamento, em agosto de 2016, Dilma voltou a recuperar este processo de amnistia, cujo requerimento viria a ser negado em 2022, durante a chefia de Estado de Jair Bolsonaro. Já este ano, sob presidência de Lula da Silva, o caso voltou a ser analisado, culminando nesta decisão.
Dilma é, desde abril de 2023, presidente do banco de desenvolvimento do grupo das economias emergentes BRICS, com sede em Xangai.