Os Estados Unidos acusaram, esta quinta-feira, a Rússia de interferência na primeira volta das eleições presidenciais romenas, realizadas a 24 de novembro e ganhas por Calin Georgescu, um candidato ultranacionalista e pró-russo.
Corpo do artigo
"As autoridades romenas estão a descobrir um esforço russo em grande escala e bem financiado para influenciar a recente eleição presidencial", disse o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na capital maltesa, Valeta.
Calin Georgescu começou com apenas 6% das intenções de voto, venceu a primeira volta das eleições presidenciais com 23% com uma campanha centrada nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde os seguidores e o número de reproduções das suas mensagens dispararam em poucos dias.
O Serviço de Informações romeno (SRI) confirmou ontem que a campanha presidencial de Georgescu foi apoiada por uma estratégia de interferência com um "modo de funcionamento de um ator estatal", que não mencionou.
No seu discurso na reunião da OSCE em Malta, Blinken acusou a Rússia de ter interferido também nas eleições da Moldova e de agir contra os princípios da organização, à qual pertencem 57 países da América do Norte, Europa e Ásia Central.
Georgescu, que é muito crítico em relação à NATO e à União Europeia, de que a Roménia é membro, vai disputar a segunda e última volta das eleições presidenciais no domingo contra Elena Lasconi, pró-europeia de direita.
Relatórios dos serviços secretos romenos indicam que a "promoção agressiva" de Georgescu recebeu um financiamento externo não declarado de mais de um milhão de euros, apesar do candidato afirmar que não gastou nada na sua campanha.
Nos documentos também se destaca que houve mais de 85 mil ciberataques atribuídos à Rússia que afetaram os sistemas eleitorais da Roménia antes e durante as eleições.
Rússia nega qualquer interferência
"Rejeitamos firmemente todos os ataques hostis, que consideramos totalmente infundados", afirmou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, em comunicado, denunciando as "acusações cada vez mais absurdas" contra Moscovo.
As autoridades romenas desclassificaram hoje documentos que descrevem alegadas manobras de desestabilização semelhantes às técnicas utilizadas pela Rússia.
A par da potencial influência russa no escrutínio, as autoridades romenas também questionaram o papel da rede social TikTok, devido à forte presença na plataforma do candidato ultranacionalista Calin Georgescu, que venceu a primeira volta.
A rede social negou "categoricamente" ter favorecido o candidato presidencial e afirmou que não tinha "nenhuma prova de que uma campanha coordenada tenha sido realizada na plataforma até à data".
Maria Zakharova denunciou ainda um clima de "histeria anti-russa sem precedentes", apelando às autoridades romenas para que "deixem de inflacionar a 'ameaça russa' para manipular a opinião pública".