O diário norte-americano "Wall Street Journal" (WSJ) noticiou que Washington e Pequim iniciaram esta terça-feira discussões sobre uma cimeira entre os líderes dos dois países, em junho, nos Estados Unidos.
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As discussões, que as fontes do WSJ disseram estar na fase inicial, estão a decorrer numa altura em que a administração do presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias adicionais e outras medidas comerciais contra a China.
Também o jornal de Hong Kong "South China Morning Post" avançou que Trump poderá deslocar-se à China em abril para se encontrar com o homólogo chinês, Xi Jinping.
Tanto a Casa Branca como a Embaixada da China nos EUA não quiseram comentar, indicou o WSJ.
Desde a vitória do republicano nas presidenciais norte-americanas, em novembro, que Trump e Xi manifestaram interesse na realização de uma cimeira.
Sobre a possibilidade de Trump visitar a China em abril, a porta-voz da diplomacia chinesa disse para já não ter informações.
Desde a posse de Trump, em janeiro, a administração norte-americana ameaçou, e depois suspendeu, taxas alfandegárias sobre o México e o Canadá, ao mesmo tempo que se comprometeu a punir também a Europa e outros parceiros comerciais.
Até agora, a China é o único país que enfrentou efetivamente aumentos generalizados das taxas decididos por Trump.
A Casa Branca impôs taxas adicionais de 20% sobre todos os bens oriundos da China, citando o papel do país asiático na crise do fentanil nos EUA.
Pequim retaliou rapidamente com taxas próprias, adaptando a resposta para evitar uma escalada das tensões.
Outras ações que estão a ser consideradas pela equipa comercial de Trump incluem restringir o investimento chinês nos EUA e o investimento norte-americano na China, visar indústrias dominadas pela China, como a construção naval, e limitar ainda mais a venda de produtos de alta tecnologia a empresas chinesas. As revisões sobre as relações económicas bilaterais, ordenadas por Trump no primeiro dia de mandato, deverão ser feitas até ao início de abril.
Para o WSJ, os líderes dos dois países gostariam que fosse a outra parte a deslocar-se, por uma questão de prestígio diplomático. Uma deslocação a Washington acarreta riscos para Xi, ao parecer subjugado por Trump numa altura em que a pressão está a aumentar.
Os funcionários chineses envolvidos nas conversações para uma cimeira também estão cautelosos face à ocorrência de uma cena semelhante à repreensão pública do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Sala Oval, em 28 de fevereiro, indicou o mesmo jornal.
Dados oficiais recentes mostram que as exportações da China - um dos poucos pontos positivos da economia chinesa atualmente - aumentaram 2,3%, em janeiro e fevereiro, em comparação com o ano anterior, muito abaixo das expectativas. Entretanto, o país entrou num ciclo de deflação, com os preços ao consumidor a cair abaixo de zero no mês passado, pela primeira vez em mais de um ano.