Estudo diz que uma dezena de multimilionários poluem mais do que dois milhões de casas
Um estudo da Organização Não-Governamental (ONG) Oxfam revela que 12 multimilionários, incluindo Elon Musk, Bill Gates e Jeff Bezos, são responsáveis por uma pegada ecológica de 17 milhões de toneladas de CO2 por ano, o equivalente à de 2,1 milhões de casas ou de quase cinco centrais termo-elétricas a carvão.
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A investigação da Oxfam, uma organização humanitária britânica, dá conta que 12 bilionários como Elon Musk, detentor do X (antigo Twitter), Jeff Bezos, dono da Amazon, Bill Gates, fundador da Microsoft, e Romam Abramovich, o polémico bilionário russo que tem nacionalidade portuguesa, poluem com os seus luxos megalómanos cerca de 17 milhões de toneladas de dióxido de carbono, avança o diário britânico "The Guardian".
O modo de vida destes milionários recheado de "superiates", jatos privados, carros, helicópteros, mansões e os seus investimentos contribuem para esse valor astronómico, que equivale à emissão de gases de cerca de 2,1 milhões de habitações ou de quase cinco centrais termo-elétricas a carvão.
A lista de magnatas inclui ainda o mexicano Carlos Slim, Larry Page, Michael Dell, Sergey Brin, Bernard Arnault, Larry Ellison, Eric Schmidt e a úncia mulher presente na lista, Laurene Powell Jobs, mulher do falecido fundador da Apple.
O estudo coordenado pelos investigadores Beatriz Barros e Richard Wilk utilizou os dados públicos disponíveis para calcular o valor das emissões poluentes dos homens mais ricos do mundo.
Na perspetiva do consultor para a desigualdade desta ONG, Alex Maitland, os "milionários geram quantidades obscenas de emissões de carbono com os seus iates e jatos privados” , mas, ressalva, essa poluição fica "ofoscada pela poluição dos seus investimentos". Isto porque, só com a atividade das suas empresas, estes magnatas poluem um milhão de vezes mais do que um cidadão comum.
Desigualdade climática
O relatório aponta que as pessoas que pertencem ao 1% dos mais ricos do Mundo emitem mais carbono para a atmosfera do que os 66% mais pobres, que são as pessoas que estão mais vulneráveis perante as consequências nefastas das alterações climáticas.
“As comunidades mais pobres do mundo, aquelas que menos fizeram para causar as alterações climáticas e as que têm menos capacidade de responder e de recuperar são as que sofrem as piores consequências. É injusto e imoral", lamenta o consultor.
No grupo de cidadãos mais ricos foram incluídas cerca de 77 milhões de pessoas - as que recebem mais de 140 mil dólares por ano (aproximadamente 128 mil euros por ano) - que provocaram, em 2019, 16% das emissões de CO2 que mataram um milhão de pessoas devido ao calor.
Para perceber o impacto do estilo de vida dos magnatas, os cientistas analisaram a pegada ecológica das suas aquisições de luxo, entre as quais se destaca a emissão de mais sete mil toneladas por ano por parte do "superiate" que Jeff Bezos comprou por 457 milhões de euros, com uma extensão de 127 metros e que demorou três anos a construir.
"As emissões dos superiates estão muito acima de qualquer outra coisa", vinca o responsável pelo estudo e professor de Antropolgia da Universidade do Indiana, Richard Wilk. Isto porque, estes veículos exigem que o sistema esteja constantemente a funcionar, mesmo quando estão atracados. "É como ter um hotel a funcionar dentro de água o tempo todo", conclui o investigador.
Richard Wilk explica ainda, em declarações ao "The Guardian", que estes dados são valores mínimos, uma vez que apenas foram analisados os equipamentos que estão em nome dos milionários, tendo sido excluídos os que estão em nome das empresas.
Para calcular as estimativas do impacto das emissões de carbono das empresas foram consultadas as declarações sobre emissões de carbono diretas de fontes pertencentes ou controladas pela empresa e as emissões indiretas.
Este estudo, considerado o mais abrangente de sempre, concluiu que as emissões provenientes dos investimentos de 125 magnatas são em média de 3,1 toneladas de CO2 por multimilionário.
Magnatas têm muito poder sobre a classe política
Para o especialista em Antropologia, os multimilionários "têm uma influência política descomunal devido à sua riqueza, que usam para convencer os governos locais e nacionais a conferir-lhes isenções de impostos e privilégios que lhes permitem poluir e influenciar as leis que regulam a poluição”.
“Se olharmos para eles como entidades, alguns deles rivalizam com Estados em termos de influência", acrescentou Richard Wilk.