Marco Rubio diz que os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre Moscovo e Kiev. A Rússia assegura que há avanços concretos.
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O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, avisou, esta sexta-feira, que os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia se não houver progresso nos próximos dias. “Temos de determinar nos próximos dias se é viável ou não” e, “se não for possível, temos de avançar”, porque “os Estados Unidos têm outras prioridades”, afirmou Marco Rubio aos jornalistas, no aeroporto de Le Bourget, em Paris.
As declarações do Marco Rubio aconteceram um dia depois do encontro em Paris entre diplomatas norte-americanos e enviados britânicos, alemães e ucranianos, marcado por conversações sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
“Penso que o Reino Unido, França e Alemanha podem ajudar-nos, fazer avançar as coisas e aproximar-nos de uma resolução. Considero que as suas ideias são muito úteis e construtivas”, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana, durante as conversações do dia anterior com os aliados de Kiev, em Paris.
“À margem, estaremos prontos para ajudar quando estiverem prontos para a paz, mas não vamos continuar este esforço durante semanas e meses”, avisou, lembrando que esta guerra, desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão da Ucrânia pela Rússia, “está a ter lugar no continente europeu”.
Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente norte-americano fez uma aproximação a Vladimir Putin e diz estar a tentar obter um cessar-fogo rápido na Ucrânia, mas as negociações estão, até agora, num impasse. Novos ataques russos atingiram várias cidades ucranianas importantes na noite de quinta-feira, matando pelo menos duas pessoas e ferindo 40, de acordo com as autoridades ucranianas.
Kremlin diz que há avanços concretos
Moscovo reagiu às declarações de Marco Rubio, considerando que se registaram “progressos concretos” nas negociações com Washington para uma solução pacífica na Ucrânia. “Acreditamos que se podem registar alguns progressos. Esse progresso está relacionado com a moratória provisória que foi respeitada pela Rússia para não lançar ataques às infraestruturas energéticas”, disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Peskov sublinhou que foram alcançados alguns acordos nas últimas semanas, embora "ainda subsistam muitas discussões complicadas pela frente”. Ao mesmo tempo, admitiu que a trégua energética de 30 dias “expirou” depois de a Rússia e a Ucrânia se terem acusado constantemente mutuamente de violações.
O porta-voz do Kremlin acrescentou que, quanto a um possível recomeço dos ataques russos às infraestruturas energéticas ucranianas, de momento não há qualquer outra ordem de Putin.
Quanto à declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, de que espera que Moscovo dê “esta semana” uma resposta à proposta de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, Peskov foi cauteloso. “A questão do acordo com a Ucrânia é complexa. O lado russo é a favor da resolução deste conflito, da defesa dos seus próprios interesses e está aberto ao diálogo”, afirmou.
Peskov também avaliou a reunião trilateral realizada no dia anterior em Paris com a participação de representantes dos EUA, da Europa e da Ucrânia. “Ultimamente, não temos ouvido quaisquer apelos da Europa à paz. Pelo contrário, têm sido feitos apelos a uma maior militarização da própria Europa e da Ucrânia. O que ouvimos ultimamente dos europeus dificilmente pode contribuir para a procura de formas de resolução”, comentou.
Durante a conversa telefónica de Rubio com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no dia anterior, este último garantiu que Moscovo está disposto a continuar a trabalhar com Washington para eliminar as causas profundas do conflito ucraniano.