Os Estados Unidos da América apelaram no sábado, perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a todas as nações para acabarem com o "pesadelo" da Venezuela, pedindo o reconhecimento do autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó.
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A posição foi assumida pelo próprio secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, durante uma reunião do Conselho de Segurança, em que Washington 'forçou' a análise da situação na Venezuela.
Pompeo declarou que começa a faltar tempo para apoiar o povo venezuelano, que, disse, tenta libertar-se de um "Estado máfia ilegítimo" liderado pelo Presidente Nicolás Maduro para apoiar Juan Guaidó, o líder do parlamento da Venezuela.
"Não há mais atrasos, não há mais jogos. Ou ficam com as forças da liberdade ou estão do lado de Maduro e do seu caos", apontou.
Já o embaixador da Rússia, Vassily Nebenzia, disse que a Venezuela não ameaça a paz e a segurança internacional e acusou "opositores extremistas" do governo de Maduro de escolherem o "máximo confronto", incluindo a criação de um governo paralelo.
O diplomata russo foi mais longe e questionou Pompeo sobre se os Estados Unidos pretendem usar a força militar na Venezuela.
Sobre o assunto, em declarações aos jornalistas, o secretário de Estado norte-americano respondeu: "Não vou especular ou formular hipóteses sobre o que os EUA farão a seguir".
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, com poder de veto (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), não chegaram a entendimento para uma resolução sobre a Venezuela, apresentando várias declarações.
De acordo com a informação disponibilizada pelas Nações Unidas, a análise da situação na Venezuela foi proposta pelos Estados Unidos, mas a Rússia tentou evitar a sua discussão por não fazer parte da agenda do Conselho de Segurança.
A inclusão na agenda passou com os votos favoráveis da Bélgica, República Dominicana, França, Alemanha, Koweit, Peru, Polónia, Reino Unido e Estados Unidos, além das abstenções da Costa do Marfim e da Indonésia.
Os restantes membros - China, Guiné Equatorial, Rússia e África do Sul - votaram contra a inclusão da análise da situação na Venezuela nesta reunião do Conselho de Segurança.
Os governos de Espanha, França, Alemanha, Holanda, Portugal e Reino Unido deram, no sábado, um prazo de oito dias a Maduro para convocar eleições na Venezuela e, caso não o faça, reconhecerão o líder parlamentar Juan Guaidó como Presidente interino do país, como o próprio se proclamou na quarta-feira.
Pessoal da embaixada dos EUA autorizado a ficar por mais 30 dias
O Governo da Venezuela autorizou no sábado o pessoal da embaixada dos Estados Unidos a permanecer no país durante pelo menos mais 30 dias, prazo máximo dado para um acordo para a fixação de uma Secção de Interesses.
Se o acordo não for alcançado no prazo estabelecido, o pessoal de ambas as missões diplomáticas, em Caracas e em Washington, terá de "abandonar o território de cada país" nos três dias seguintes e cessam as atividades das duas embaixadas, refere o Governo venezuelano em comunicado.
Segundo a nota, os governos da Venezuela e dos Estados Unidos "acordaram encetar negociações para o estabelecimento de uma Secção de Interesses" em Caracas e Washington, onde poderão ser tratados os trâmites migratórios e "outros assuntos de interesse bilateral".
O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rompeu na quarta-feira relações diplomáticas com os Estados Unidos, tendo dado na altura três dias para o pessoal da embaixada norte-americana deixar a Venezuela.
Contudo, a administração do presidente norte-americano, Donald Trump, recusou obedecer à ordem, alegando que Maduro não é o presidente legítimo da Venezuela.