EUA dizem que cessar-fogo limita-se ao mar Vermelho e hutis prometem atacar Israel
O Departamento de Estado norte-americano esclareceu, na terça-feira, que o cessar-fogo com os hutis limita-se ao Mar Vermelho, enquanto o movimento iemenita prometeu continuar a atacar Israel.
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A porta-voz da diplomacia norte-americana, Tammy Bruce, especificou que o acordo "é sobre o Mar Vermelho", onde a liberdade de navegação e o fluxo de comércio têm sido ameaçados por ataques dos rebeldes, e recusou comentar um possível pacto semelhante entre os iemenitas e Israel. "Era claro que os Estados Unidos continuariam esta operação até que os hutis parassem de atacar navios naquele teatro, e foi isso que vimos aqui", adiantou.
Os rebeldes iemenitas hutis e os EUA acordaram um cessar-fogo, anunciou esta terça-feira o chefe da diplomacia de Omã, pouco depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, declarar o fim dos ataques no Iémen.
"Após discussões e contactos recentes entre o sultanato de Omã e os Estados Unidos e autoridades relevantes em Sana (...) os esforços resultaram num acordo de cessar-fogo entre as duas partes", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr al-Busaidi. No futuro, "nenhum dos lados atacará o outro, incluindo embarcações dos Estados Unidos" no mar Vermelho e no estreito de Bab al-Mandab, afirmou o chefe da diplomacia de Mascate, citado pela agência de notícias France Presse (AFP).
Paralelamente, o líder político dos hutis, Mahdi al-Mashat, prometeu uma resposta "relâmpago" a Israel, país que os hutis pretendem continuar a atacar em resposta aos bombardeamentos israelitas. Este anunciou uma resposta "rápida, dolorosa e para além do que o inimigo israelita pode suportar", numa declaração em que frisou que os ataques "continuariam".
O anúncio do cessar-fogo seguiu-se a declarações do presidente norte-americano, nas quais afirmou que os hutis se tinham rendido e os bombardeamentos dos Estados Unidos no Iémen iam parar de imediato. "Os hutis anunciaram (...) que não querem lutar mais. Simplesmente não querem lutar. E nós honraremos isso. Vamos parar os bombardeamentos. Eles renderam-se", afirmou Trump, na Sala Oval da Casa Branca, ao lado do novo primeiro-ministro canadiano, Mark Carney.
Washington destacou uma força para a região, com o objetivo de neutralizar os ataques dos rebeldes xiitas apoiados pelo Irão contra a navegação comercial no mar Vermelho e golfo de Aden. O grupo iemenita, que controla grandes áreas do Iémen, incluindo a capital, alega que cerca de dez ataques norte-americanos visaram Sana antes do amanhecer de segunda-feira.
O Pentágono anunciou no final de abril que atingiu mil alvos ligados aos hutis no Iémen desde 15 de março, matando vários combatentes e líderes rebeldes.
O conflito tem como pano de fundo a guerra na Faixa de Gaza, entre Israel e o grupo islamita Hamas, com os hutis a justificar os ataques com o apoio ao aliado palestiniano.
Aeroporto destruído e danos de 500 milhões
Na terça-feira, pelo segundo dia consecutivo, Israel bombardeou infraestruturas controladas pelos hutis, incluindo o aeroporto e as centrais elétricas em Sanaa, em resposta a um ataque de insurgentes pró-iranianos no aeroporto de Telavive. Os meios de comunicação social afetos aos hutis indicaram que pelo menos três pessoas foram mortas e 38 ficaram feridas nestes ataques.
Um funcionário do aeroporto de Sanaa disse à AFP que a infraestrutura ficou "completamente destruída" e três dos sete aviões pertencentes à companhia aérea nacional iemenita ficaram inutilizados. “Devido à agressão sionista contra o aeroporto internacional de Sanaa e aos danos consideráveis que daí resultaram, foi decidido suspender todos os voos de e para o aeroporto até nova ordem”, disse esta quarta-feira o diretor Khaled al-Shaif, num comunicado publicado na rede X.
Pouco depois, em declarações à televisão Al Masirah, Al Shaif adiantou que os prejuízos estimados resultantes do ataque ascendem a cerca de 500 milhões de dólares (cerca de 442 milhões de euros).