O secretário do Tesouro norte-americano e o vice-primeiro-ministro chinês vão reunir-se na Suíça nos próximos dias, anunciaram ambas as partes, na sequência da imposição recíproca de elevadas tarifas aduaneiras.
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"Espero discussões produtivas que visem reequilibrar o sistema económico internacional para melhor servir os interesses dos Estados Unidos", disse o secretário de Estado norte-americano, Scott Bessent, numa declaração antes da viagem.
À Fox News, Bessent adiantou que as negociações terão lugar no sábado e no domingo.
"Tenho a sensação de que [as conversações] serão sobre a redução da tensão, não sobre o grande acordo comercial, mas temos de reduzir a tensão antes de podermos avançar", adiantou.
China pede sinceridade aos EUA
“Os Estados Unidos devem demonstrar sinceridade nas conversações, corrigir as suas práticas erradas, encontrar um ponto de equilíbrio com a China e resolver as preocupações mútuas com base na igualdade e no respeito”, afirmou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado.
O ministério reforçou que “todo o diálogo e negociação deve assentar no princípio do respeito mútuo”, em referência às reuniões que o vice-primeiro-ministro He Lifeng - principal negociador comercial da China - terá com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, na Suíça.
“Nos últimos tempos, responsáveis norte-americanos têm feito circular informações sobre possíveis ajustamentos às suas tarifas e transmitido essa intenção à China por diferentes canais, manifestando abertura para o diálogo”, lê-se no comunicado.
“Tendo em conta as expectativas globais, os interesses da China e as exigências da indústria e dos consumidores dos EUA, a China decidiu aceitar conversar”, acrescentou.
Desde que o presidente norte-americano Donald Trump iniciou a guerra comercial, no início de abril, os Estados Unidos impuseram tarifas de 145% sobre os produtos chineses, e o gigante asiático respondeu com taxas de até 125% sobre as importações norte-americanas.
Numa fase de crescente preocupação do mercado norte-americano sobre o impacto das tarifas nos preços e no fornecimento de bens de consumo, Bessent e o representante comercial Jamieson Greer vão reunir-se com os seus homólogos em Genebra, segundo o Departamento do Tesouro, nas mais importantes conversações dos últimos meses entre os dois países.
Bessent e Greer planeiam também reunir-se com a presidente suíça, Karin Keller-Sutter, de acordo com informações dos respetivos gabinetes.
Tanto Greer como Bessent mantiveram contactos com os seus homólogos chineses antes do início da guerra comercial.
O vice-primeiro-ministro He Lifeng visitará a Confederação Suíça de 9 a 12 de maio a convite do governo suíço, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado.
A China anunciou na semana passada que estava a avaliar uma proposta apresentada pelos Estados Unidos para iniciar negociações sobre as tarifas impostas pelos dois países aos seus produtos.
Esta foi a primeira vez que a China reconheceu publicamente a existência de contactos sobre os Estados Unidos sobre as tarifas.
"A economia deles está a sofrer muito"
Há semanas que Trump vinha a insistir que os Estados Unidos estavam em conversações diretas com a China para resolver a guerra tarifária e disse até que falou com o líder chinês Xi Jinping sobre o assunto, algo que Pequim negou.
Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos admitiu que ainda não havia reunido com a China para discutir tarifas, apesar de ter dito o contrário nas últimas semanas.
"Querem negociar, querem ter uma reunião, e nós vamos reunir-nos com eles no momento apropriado. Não me encontrei com eles", disse Donald Trump na Casa Branca.
"A economia deles está a sofrer muito porque não comercializam com os EUA, e a maior parte do dinheiro vem dos EUA. Não se deixem enganar. Não lucram com outros países como lucram com este", acrescentou Trump, referindo-se à China.
O líder norte-americano defendeu que está a abordar as negociações tarifárias com diferentes países com uma "atitude amigável".
"Podíamos assinar 25 contratos agora mesmo se quiséssemos. Mas são eles que têm de assinar os acordos connosco. Querem uma fatia do nosso mercado. Nós não queremos uma fatia do deles. Não nos preocupamos com o mercado deles", acrescentou o presidente norte-americano.
Trump lembrou que Washington "é flexível" e "em algum momento, em alguns casos", vai assinar alguns acordos, mas sublinhou que, embora queira ajudar outras nações, não vai aceitar que o comércio norte-americanos seja prejudicado.
“Em alguns casos, diremos que queremos que abram o país. Noutros, queremos que reduzam as tarifas. Por exemplo, a Índia tem uma das tarifas mais elevadas do mundo. Não vamos tolerar isso, e eles já concordaram numa redução. Vão reduzi-la a zero. Eles já concordaram com isso. Nunca o teriam feito por ninguém além de mim", acrescentou.