Portugueses a viver nos EUA dizem que a maior preocupação dos americanos é o desemprego e a crise económica. Mas defendem que quatro anos de mandato é pouco para resolver tantos problemas.
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Nuno Pontes, de 45 anos, artista plástico nascido no Porto, mas a viver nos Estados Unidos há 20 anos, começa por sublinhar que existem duas américas: "uma branca e uma preta", a dos republicanos - que não têm muito contacto com a classe média - e a dos democratas, mais próximos desta.
A viver em Manhattan, Nuno Pontes passou antes pelo Norte da Pensilvânia e por Filadélfia. Decidiu sair de Portugal na altura em que Cavaco Silva era primeiro-ministro por ter percebido que aqui estava "tudo mal".
Já nos EUA, só os primeiros seis meses é que custaram um pouco. "Este é um país perfeitamente preparado para receber os estrangeiros. Aqui, sou tratado como um igual. Se tivermos qualidade, as empresas sugam-nos na hora", conta o artista plástico que, entretanto, pediu a nacionalidade americana.
Por isso, tem direito a votar. Basta descer ao rés-do-chão do edifício onde mora. Ali, encontra-se uma das milhares de máquinas eletrónicas onde os eleitores podem descarregar o voto. Não é preciso perguntar qual é o seu candidato: "É melhor que Obama fique".
Economia e desemprego
Também Afonso Salcedo, 33 anos, cineasta e fotógrafo freelancer a viver na Califórnia, tem esse desejo. "Não sei muito bem o que faria se Romney ganhasse. A equipa Romney/Ryan assusta-me profundamente".
As razões? "Trariam mais desigualdade financeira entre as camadas da população, aumentariam o orçamento militar americano e trariam a influência religiosa para o governo, o que é assustador".
Nascido em São Francisco, mas criado no Porto, Afonso Salcedo estudou em Inglaterra. Aos 30 anos, foi trabalhar para a Pixar, onde tratou da iluminação de filmes como "Up - Altamente!". Hoje, trabalha como freelancer.
Fernando Gonçalves Rosa diz não se lembrar de haver "indivíduos tão distintos" como Obama e Romney na corrida à Casa Branca. Lembra que Romney "não era um candidato para ganhar", mas, ainda assim, esta vai ser "uma eleição dificílima", referindo-se às sondagens que mostram um empate técnico entre os dois candidatos.
Nascido em Montalegre, Fernando Rosa foi viver para os EUA com seis meses. Durante um período da sua vida andou entre os dois países até se fixar nos "States" em 1968. Vive em Washington e é presidente da PALCUS - The Portuguese-American LeadershipCouncil of the United States.
Considera que a maior preocupação dos americanos é o desemprego e a crise económica, tal como Nuno Pontes e Afonso Salcedo. Diz que os EUA têm uma "grande capacidade de recuperação", mas que quatro anos de mandato "é pouco para resolver tantos problemas".
Quando questionado se o furacão "Sandy", que na semana passada atingiu a costa leste, poderá ajudar à reeleição de Barack Obama, Fernando Gonçalves Rosa diz que "deu ao presidente a oportunidade de mostrar que tem capacidade de reagir".
Nuno Pontes afirma que "não houve um aproveitamento político" da catástrofe por parte do candidato democrata. "As pessoas estão atentas, mas não falam sequer nisso", afirma.