No estado do Michigan, voluntárias democratas angariam votos porta a porta.
Corpo do artigo
O grupo de sete mulheres apresenta-se na sede da One Campaign, em Warren, nos subúrbios de Detroit. A maioria veio da Califórnia e há uma de Nova Iorque. Estão “muito longe de casa”, assume Ami Gershoni, que vive em São Francisco. Fez uma pausa no seu pequeno negócio, deixou a família por alguns dias, para se apresentar, pela primeira vez, como voluntária democrata no estado do Michigan. “Não podia ficar sentada a queixar-me”, estas eleições são demasiado importantes e “a democracia é um verbo e não um substantivo”, declara com convicção.
Do mesmo grupo, Esther Varet destaca-se pela voz colocada e retórica fácil. Explora galerias, em Los Angeles, mas também fez uma pausa no trabalho e no acompanhamento dos filhos de 10 e 7 anos, para um “sacrifício” assumido e “para combater o desespero”. Todas as voluntárias suportam do seu próprio bolso os custos das viagens, estadias e alimentação, enquanto colaboram na campanha. Ao serviço da Fems for Dems, uma organização de mulheres apoiantes dos democratas, vão passar os próximos dias em contactos porta-a-porta.
A presidente, Marcie Paul, tem muita experiência neste tipo de campanha. “Ando a bater às portas há algumas décadas. Acho interessante e desafiante quando as pessoas estão indecisas e pode ter muito impacto. Definitivamente, bater às portas faz a diferença”.
No trabalho de campo, as voluntárias vão munidas com uma lista de endereços, que incluem dados públicos, como nome, idade, género e sentido de voto nas eleições primárias. O telemóvel é indispensável para acederem à aplicação que concentra todas as informações. Depois de baterem à porta, registam o resultado do contacto: “não estava em casa”, “pensa votar”, “admite mudar”, etc.
As Fems for Dems nasceram na sequência do “desastre de 2016”, ou seja, da derrota de Hillary Clinton, que levou Donald Trump para a Casa Branca. “Já fomos privadas da presidência uma vez”, lembra Marcie Paul. Agora, “estamos preparadas [para uma mulher presidente] e aqui, no Michigan, sabemos qualquer coisa sobre eleger mulheres para lugares de topo”.
O Michigan tem uma mulher como governadora, Gretchen Whitmer, que chegou a ser apontada à corrida para a Casa Branca, antes da desistência de Joe Biden.
Na campanha em que se discutem o aborto, os direitos reprodutivos e os direitos das mulheres, Amy Gershoni está convencida de que “esta eleição é também, um referendo” a esses direitos, que poderão estar em causa, se Trump vencer.
Por isso, sublinha Esther Caret, “é tempo de dar tudo, são precisos tantos como nós no terreno, porque acabará por ser um jogo no campo”.
E Kamala Harris está preparada para ser presidente? “Absolutamente”, respondem em uníssono. Tanto quanto os EUA estão preparados para ter a primeira mulher presidente. Na verdade, acrescenta Esther, o país “está pronto desde Hillary Clinton”.