Os EUA, a França e o Reino Unido apelaram hoje à Federação Russa que acabe com a sua "perigosa" retórica nuclear, com Washington a instar também Moscovo e Pequim a negociarem o controlo das armas nucleares.
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Em declaração conjunta, Paris, Londres e Washington, Estados aliados e dotados da arma nuclear, insistiram que "uma guerra nuclear não pode ser ganha e que nunca deve ser iniciada" e que "as armas nucleares devem, enquanto existirem, servir para fins de defesa, dissuasão e prevenção de guerra".
Por ocasião da abertura da décima conferência de exame do Tratado sobre a não proliferação das armas nucleares (TNP), estas partes realçaram que "no contexto da guerra de agressão, ilegal e não provocada conduzida pela Federação Russa contra a Ucrânia, apelamos à Federação Russa para que acabe com a sua retórica nuclear e o seu comportamento irresponsável e perigoso".
Em comunicado separado, o presidente dos EUA, Joe Biden, tinha apelado aos dirigentes russos e chineses a iniciarem negociações sobe o controlo das armas nucleares, afirmando que Moscovo em particular tinha o dever de demonstrar a sua responsabilidade depois da sua invasão da Ucrânia.
Biden reiterara que o seu governo estava pronto para "negociar rapidamente" uma substituição do New START, o tratado que limita as forças nucleares intercontinentais nos EUA e na Federação Russa, que deve expirar em 2026.
"A Federação Russa deve mostrar que está pronta a retomar o trabalho sobre o controlo dos armamentos nucleares", declarou Biden.
"Mas a negociação necessita um parceiro voluntário e de boa-fé. E a agressão brutal e não provocada da Federação Russa à Ucrânia quebrou a paz na Europa e constitui um ataque aos princípios fundamentais da ordem internacional".
Quanto à China, que reforçou o seu arsenal nuclear, que é mais limitado, Biden disse que Pequim tinha o dever, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, "de participar nas negociações para reduzir o risco de erro de cálculo e atacar as dinâmicas militares desestabilizadoras".
Disse também que "não há qualquer vantagem, nem para qualquer nação, nem para o mundo, em evitar um compromisso consequente com o controlo dos armamentos e a não-proliferação nuclear".
Biden insistiu ainda que as superpotências nucleares, como a Federação Russa e os EUA, tinham a responsabilidade de dar o tom para garantir a viabilidade do TNP, que visa impedir a propagação da tecnologia das armas nucleares no mundo.
"A saúde do TNP sempre repousou em limites de armamentos significativos e recíprocos entre os EUA e a Federação Russa. Mesmo no pico da Guerra Fria, os EUA e a União Soviética puderam trabalhar em conjunto para defender a nossa responsabilidade partilhada de garantir a estabilidade estratégica", acrescentou.
"O mundo pode estar confiante no facto de o meu governo ir continuar a apoiar o TNP", disse.