Os Estados Unidos lançaram dezenas de mísseis de cruzeiro contra um aeroporto na Síria, no primeiro ataque direto contra o regime de Bashar al-Assad desde que começou a guerra civil.
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O ataque surge na sequência do bombardeamento com armas químicas contra uma localidade no norte da Síria, que matou mais de 80 civis na terça-feira, noticiou a imprensa norte-americana.
Donald Trump, que ordenou o ataque, acusou "o ditador sírio Bashar al-Assad (de ter) lançado um horrível ataque com armas químicas contra civis inocentes".
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Dezenas de mísseis "Tomahawk" foram disparados contra a base aérea de Shayrat, na cidade síria de Homs, de onde o Governo norte-americano acredita que partiram os caças que executaram ataques aéreos, de acordo com fontes miliares.
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O governador da província síria de Homs, no centro do país, disse, entretanto, que o ataque matou três soldados e dois civis. Em declarações à agência noticiosa Associated Press (AP), Talal Barazi disse também que sete pessoas ficaram feridas.
O exército sírio diz que o ataque provou seis mortos e a agência oficial síria Sana fala em nove mortos, quatro deles crianças, além dos sete feridos e dos "importantes estragos em habitações das aldeias de Al-Shayrat, Al-Hamrat e Al-Manzul", próximas da base atacada.
Um incêndio deflagrou na base, que ficou a arder durante mais de uma hora. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH, oposição), com sede em Londres, disse que o ataque matou quatro soldados, incluindo um general.
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Rússia foi avisada
O presidente Russo, Vladimir Puntin, já reagiu e considerou que se tratou de um ataque sob pretexto inventado contra um estado soberano e uma violação das leis internacionais.
A Rússia foi, como a Alemanha e a França, avisada do ataque, de forma a proteger os pilotos de ambos os lados na guerra da Síria. A chamada "linha de não-conflito" impede a colisão dos aviões russos e norte-americanos no congestionado espaço aéreo sírio ou um ataque direto entre as duas potências.
O Governo de Donald Trump tomou medidas de forma unilateral contra o Governo sírio, que acusa de uso de armas químicas, apesar de conversações estarem a decorrer no Conselho de Segurança da ONU.
Minutos antes da ofensiva norte-americana, a Rússia tinha advertido os Estados Unidos contra "consequências negativas" de uma ação militar na Síria em resposta ao ataque químico.
"Há que pensar nas consequências negativas. Toda a responsabilidade, se houver uma ação militar, estará sobre os ombros daqueles que a iniciarem", disse aos jornalistas o embaixador russo na ONU, Vladimir Safronkov.
Na ONU, os membros do Conselho de Segurança continuam a negociar uma resolução em resposta ao ataque químico, mas até agora o grupo continua muito dividido.
A representante norte-americana, Nikki Haley, já tinha alertado, no dia anterior, que Washington podia tomar algum tipo de medida unilateral se o Conselho de Segurança continuasse bloqueado.