Os Estados Unidos (EUA) sugeriram esta terça-feira, pela primeira vez, "pausas humanitárias" em Gaza para entrega de ajuda aos civis, embora não tenham corroborado o apelo de cessar-fogo feito pouco antes pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
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Estas pausas humanitárias deveriam servir para encaminhar "alimentos, água, medicamentos e outros elementos essenciais" para Gaza "sem beneficiar o Hamas ou qualquer outro grupo terrorista", defendeu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, perante o Conselho de Segurança.
O pedido de Blinken não incluiu especificamente combustível, cuja entrada foi vetada por Israel apesar de ser um elemento fundamental para o funcionamento de hospitais, uma vez que as autoridades israelitas argumentam que poderia cair nas mãos do grupo islamita Hamas.
Para implementar as pausas humanitárias, os EUA prepararam uma resolução que apresentarão em breve ao Conselho de Segurança, depois de este órgão se ter mostrado até agora incapaz de chegar a acordo sobre uma resolução que ponha um fim - definitivo ou provisório - à guerra em Gaza.
Uma das resoluções que já foi a votos - proposta pelo Brasil - pedia precisamente "pausas humanitárias" em Gaza, mas foi vetada exclusivamente pelos Estados Unidos, que agora apresentarão uma proposta com o mesmo fim.
Blinken disse que a nova resolução inclui inequivocamente "o direito de Israel de se defender" dentro do "direito de cada nação de se defender e evitar que os ataques sejam repetidos".
"Onde está a indignação? Onde está o desgosto? Onde está a rejeição? Onde está a condenação explícita desses horrores?", disse Blinken depois de indicar algumas das atrocidades cometidas pelo Hamas no seu ataque contra Israel, a 7 de outubro.
"Nenhum membro deste Conselho -- nenhum país nesta câmara -- poderia ou iria tolerar o massacre do seu povo", disse Blinken.
"Civis palestinianos devem ser protegidos"
Ao seu grande aliado Israel, Blinken lembrou que "os civis palestinianos devem ser protegidos" e nesse sentido "Israel deve tomar todas as precauções para evitar ferir os civis", embora tenha garantido que o Hamas usa estes civis "como escudos humanos".
O chefe da diplomacia norte-americana também enviou uma série de mensagens ao Irão para advertir o país a não se juntar ao conflito: "Se o Irão ou os seus aliados expandirem o conflito e colocarem mais civis em risco, serão responsabilizados por isso", avisou.
"Os Estados Unidos não procuram entrar em conflito com o Irão. Não queremos que esta guerra se expanda. Mas se o Irão ou os seus representantes atacarem pessoal americano em qualquer lugar, não se engane: nós defenderemos o nosso povo -- defenderemos a nossa segurança -- de forma rápida e decisiva", disse Blinken ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Por último, salientou que apenas a solução de dois Estados, um israelita e outro palestiniano, poderá solucionar a longo prazo este conflito.