A União Europeia vai aumentar diversas quotas nacionais para conseguir acolher mais refugiados nos próximos dois anos. Só a Alemanha e a França podem ajudar mais 55 mil pessoas do que o inicialmente previsto.
Corpo do artigo
As fronteiras europeias iriam abrir-se, de início, a 40 mil pessoas, mas diversas quotas nacionais de acolhimento de refugiados da Síria foram aumentadas para permitir a entrada a 160 mil pessoas, num aumento de 120 mil em relação ao inicialmente estipulado.
A Alemanha irá acolher, ao todo, 40 mil pessoas durante os próximos dois anos, enquanto a França irá ficar-se pelos 30 mil. Os refugiados em questão encontram-se, de momento, em Itália, Grécia e Hungria, confirmou uma fonte da Comissão Europeia, à Reuters.
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, deverá revelar na quarta-feira mais propostas para fazer face ao crescente número de refugiados a chegar à Europa. Segundo avançam oficiais europeus citados pela agência Reuters, Juncker deverá anunciar o alargamento do número de pessoas a deslocar dos países limítrofes da Europa para o centro.
Enquanto muitos verão este aumento de quotas como uma boa nova (o presidente francês François Hollande, por exemplo, já veio a público garantir que o país está preparado para receber mais refugiados), outros países não deverão aceitar a decisão sem alguma resistência. Diversos membros da União Europeia rejeitaram o aumento das quotas em junho e outros admitem não ter condições para ajudar mais gente. A Polónia poderá ser um deles, já tendo avisado que consegue dar assistência apenas a duas mil pessoas: de acordo com a nova proposta, poderá receber perto de 12 mil.
Das 160 mil pessoas que deverão ser recolocadas na Europa, 54 mil virão da Hungria, um dos países mais ativos na discussão sobre o destino dos refugiados. Na proposta anterior, que previa a inserção de 40 mil pessoas, a sua proveniência não incluía este país: os refugiados viriam apenas através da Grécia (de onde virão agora 50 mil) e de Itália (mais de 15 mil).
Angela Merkel exige solidariedade europeia
A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu, esta segunda-feira, solidariedade dos países europeus para fazer face à crise dos refugiados depois de, durante o fim de semana, se terem registado mais de 15 mil pedidos de asilo só na Alemanha.
"Só com a solidariedade europeia podemos superar este número", afirmou Merkel, ao apresentar hoje uma série de medidas para assegurar o acolhimento de todos os refugiados que estão a chegar à Alemanha.
De acordo com a Angela Merkel, a Alemanha é um país aberto "ao acolhimento de pessoas que precisam de ajuda, mas outros países europeus também podem acolhe-los e têm de garantir que o fazem respeitando os direitos humanos".
"Os perseguidos políticos devem encontrar apoio em todos os países europeus e não só na Alemanha", afirmou, lembrando que o acordo de Dublin permanece em vigor.
Merkel aproveitou a sua comparência perante a comunicação social para expressar o seu agradecimento às autoridades dos estados federais, dos municípios e aos milhares de voluntários que cooperaram para facilitar a chegada dos refugiados durante o fim de semana.
"A população em geral mostrou uma imagem do nosso país que nos permite sentir um pouco de orgulho", afirmou Merkel.