Um jovem de 16 anos foi detido por suspeitas de matar duas mulheres, em Estocolmo na Suécia. Estava na posse de uma arma automática e terá ligações a outro crime, ambos relacionados com o crescente aumento do tráfico de droga, responsável por cerca de metade dos homicídios registados na Europa.
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"Este é apenas o mais recentes caso numa série de homicídios executados por crianças", disse a comissária dos Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson. Há cada vez mais jovens apanhados pela explosão crescente do tráfico de droga no espaço europeu. "Estão a ser radicalizados e preparados para se tornarem assassinos. São o equivalente das crianças-soldado dos grupos de traficantes de droga", acrescentou.
As crianças exploradas por traficantes de droga enfrentam a mesma situação que as "crianças-soldado", um fenómeno com dezenas de anos em África e que alastrou a todo o Mundo. A União Europeia (UE) quer fortalecer estratégias para dificultar o recrutamento de menores, começando cedo, ao identificar crianças que abandonam a escola ou são apanhadas a furtar, travando a entrada no mundo do crime que as pode deixar à mercê dos cartéis.
"O tráfico de droga orquestrado pelo crime organizado é uma das mais graves ameaças à segurança que a Europa enfrenta atualmente e a situação está a agravar-se", acrescentou Ylva Johansson, citada pelo jornal britânico "The Guardian". Face as receios do aumento o tráfico e consumo de drogas sintéticas, a par da cocaína, a UE quer desenvolver um sistema europeu que alerte as autoridades nacionais e os consumidores de drogas da entrada de novas e perigosas substâncias no mercado.
Bruxelas acredita que uma nova aliança entre os portos europeus pode facilitar a partilha de informação. Em 2021, os dados mais recentes disponíveis, foram aprendidas 303 toneladas de cocaína na União Europeia. Um recorde desde que há registos, cinco vezes mais do que há 10 anos, com 75% da droga apreendida em três nações: Países Baixos, Bélgica e Espanha.
O tráfico de droga, além de questões de saúde pública do lado do consumo, corrói as sociedade e as democracias. A influência dos cartéis em empresas de logística, nos sindicatos ligados a atividades portuárias e nas autoridades policiais aumenta significativamente os riscos de corrupção e tem impacto no aumento significativo dos crimes violentos. Segundo dados da UE, 50% dos homicídios no espaço europeu estão relacionados com o tráfico de droga.
Além das redes internas e dos alertas, a União Europeia pretende trabalhar diretamente com países da América Latina para partilhar informações e estratégias de combate às redes criminosas. A Comissão Europeia diz que está a negociar acordos internacionais com a Bolívia, o Brasil, o Equador, México e Peru para troca de dados com a Europol, a organização que congrega polícias europeias e que permite o trabalho conjunto de polícias em vários países europeus.
Bruxelas está também a trabalhar com os Estados Unidos numa iniciativa lançada pelo sectário de Estado norte-americano, Antony Blinken, dirigida ao combate às drogas sintéticas e aos refúgios dos cartéis. A União Europeia quer mostrar que aprendeu as lições da crise dos EUA com o fentanyl, um poderoso analgésico que invadiu as ruas de várias cidades norte-americanas e que será repsonsável por cerca de 100 mil mortes.