Ameaçando novas sanções contra Moscovo, aliados da Ucrânia querem pausa incondicional monitorizada por Washington a partir desta segunda-feira para começar a negociar paz duradoura.
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Contando com o apoio do presidente dos Estados Unidos, a coligação de interesses, formada pelos aliados europeus de Kiev, reuniu-se este sábado na capital da Ucrânia para exigir que Moscovo aceite um cessar-fogo incondicional de 30 dias a partir de segunda-feira – sob ameaça de novas sanções. O Kremlin, que denunciou a atitude confrontacional da Europa, rejeitou a pressão do ultimato feito pelos líderes ucraniano, alemão, britânico, francês e polaco.
Volodymyr Zelensky afirmou que, durante o encontro, os europeus concordaram com uma trégua incondicional no ar, na água e na terra que deve começar na segunda-feira. Os cinco tiveram ainda uma conversa “frutífera” com Donald Trump por telefone, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga.
“Em caso de violação deste cessar-fogo, concordámos que serão preparadas e coordenadas sanções maciças entre europeus e americanos”, salientou o presidente francês. Emmanuel Macron disse ainda que a trégua “será monitorizada principalmente pelos EUA, para os quais todos os europeus vão contribuir”, e que esta pausa no conflito abriria caminho para "trabalho e negociações imediatas com as partes envolvidas para construir uma paz robusta e duradoura".
O novo chanceler alemão disse ao jornal “Bild” que “a ajuda massiva à Ucrânia”, politica, financeira e militarmente, “vai continuar”. “Sob a minha liderança, o debate sobre as entregas de armas, o calibre, os sistemas de armas e assim por diante será retirado da vista do público”, declarou Friedrich Merz, em Kiev, ao canal RTL.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mencionou a “unidade absoluta” de diversos países, assim como o homólogo polaco. “Pela primeira vez em muito tempo, tivemos a sensação de que todo o Mundo livre está verdadeiramente unido”, disse Donald Tusk. “Sabemos que o verdadeiro teste está diante de nós e de Putin. Estaremos a aguardar a reação da Rússia”, completou.
Kremlin vai analisar
“Temos de pensar bem nisso. É um novo desenvolvimento”, reconheceu o porta-voz do Kremlin ao comentar o ultimato, tendo antes dito que Kiev “não está pronta para negociações imediatas”. “Mas tentar pressionar-nos é inútil”, avisou Dmitry Peskov, um dia após o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, demonstrar que não está isolado, com a presença de vários líderes mundiais no Dia da Vitória.
Em relação às sanções, Peskov respondeu: “Todos nós já nos habituámos às sanções". "Já temos até uma ideia do que faremos depois de serem impostas, como minimizaremos as suas consequências e assim por diante. Já aprendemos a fazer isso”, acrescentou.
“Ouvimos declarações contraditórias da Europa. São geralmente confrontacionais, em vez de se orientarem para tentativas de, de alguma forma, ressuscitar as relações”, pontuou o porta-voz do Kremlin.