A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou confiança de que a União Europeia e a Polónia continuarão a manter uma "excelente" cooperação, após a vitória de Karol Nawrocki nas eleições presidenciais. O presidente alemão e o primeiro-ministro húngaro também felicitaram o candidato nacionalista.
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"Parabéns a Karol Nawrocki. Estou certa de que a UE continuará a manter uma excelente cooperação com a Polónia", escreveu Von der Leyen numa mensagem nas redes sociais.
"Todos juntos somos mais fortes na nossa comunidade de paz, democracia e valores", acrescentou a conservadora alemã; "trabalhemos, portanto, para garantir a segurança e a prosperidade da nossa casa comum", concluiu.
O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, pediu que os dois países "cooperem estreitamente com base na democracia e no Estado de direito". Esta cooperação é necessária para "garantir o futuro da Europa em segurança, liberdade e prosperidade", afirmou em comunicado.
Já Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, celebrou a eleição do candidato nacionalista Karol Nawrocki como chefe de Estado da Polónia, que derrotou por uma pequena margem o presidente da câmara de Varsóvia, que é pró-europeu.
"Que suspense! Parabéns ao Presidente Nawrocki pela sua fantástica vitória nas eleições presidenciais polacas", afirmou na rede social X. "Estamos ansiosos por trabalhar convosco”, sublinhou Orbán, que partilha a mesma visão soberanista do novo presidente polaco, nomeadamente contra as políticas de Bruxelas.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também afirmou hoje que espera uma cooperação frutuosa com a Polónia e uma boa relação pessoal com Nawrocki, apesar das suas críticas aos planos de adesão de Kiev à União Europeia e à Aliança Atlântica.
O presidente eleito da Polónia, além de criticar a adesão da Ucrânia à União Europeia e à NATO, disse recentemente que pretende reduzir a ajuda aos refugiados ucranianos em território polaco.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, felicitou Karol Nawrocki lembrando que há "valores comuns" entre os dois países.
"Desejo-lhe boa sorte para o seu mandato à frente de uma nação com a qual partilhamos valores comuns, fortes laços de cooperação e uma amizade histórica. Boa sorte!", escreveu nas redes sociais.
Também a partir de Itália, Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga e vice-primeiro-ministro de Meloni no executivo de coligação, felicitou Nawrocki. "Grandes notícias da Polónia! Parabéns e bom trabalho ao novo presidente, premiado numa votação livre e democrática pelos cidadãos polacos, apesar dos burocratas em Bruxelas e de todos os meios de comunicação social que todos os dias o definem como um ‘extremista’", afirmou Salvini.
Já o presidente francês pediu a Nawrocki para continuar a construir uma Europa forte, independente e “respeitadora do Estado de direito”.
“Vamos reforçar juntos o laço que une a Polónia e a França, no espírito do Tratado de Nancy”, escreveu Emmanuel Macron na rede social X, relembrando o tratado assinado em maio entre os dois países.
Macron acrescentou ainda que, em conjunto com o presidente eleito, pretende “continuar a construir uma Europa forte, independente e competitiva, que respeite o Estado de direito”.
O conservador Karol Nawrocki venceu este domingo a segunda volta das presidenciais na Polónia com 50,89% dos votos, contra 49,11% do rival, o liberal Rafal Trzaskowski, segundo a Comissão Nacional Eleitoral, após o escrutínio da totalidade dos votos.
No total, Nawrocki, apoiado pelo principal partido da oposição, o ultra-conservador Lei e Justiça (PiS), obteve 10.606.682 votos, enquanto Trzaskowski, presidente da Câmara de Varsóvia e apoiado pelo Governo de coligação do primeiro-ministro Donald Tusk, obteve 10.237.177 votos.
A diferença, 1,78%, é mínima e representa o segundo golpe numa eleição presidencial para o candidato liberal e pró-europeu, que perdeu em 2020 com uma diferença de 2,06% contra o atual presidente da Polónia, Andrzej Duda, que conclui em agosto o seu segundo mandato consecutivo como chefe de Estado do país no flanco oriental a NATO e da União Europeia.
A vitória de Nawrocki é vista como uma continuação, ainda mais radical, da liderança de Duda na Presidência polaca. Se Duda não hesitou em vetar várias iniciativas de Tusk, os analistas acreditam agora que o governo de Tusk enfrenta a estagnação da sua agenda reformista.
Nawrocki, 42 anos, antigo pugilista e recém-chegado à política com um perfil eurocético, adotou posições mais duras em questões como a imigração, mostrou afinidade com a Administração norte-americana de Donald Trump, de quem recebeu o apoio, e mostrou-se relutante em relação à integração da Ucrânia na NATO.
Com resultados tão próximos, as eleições presidenciais foram um espelho das "duas Polónias" que existem no país da Europa Central, uma tendencialmente pró-europeia e liberal e outra ultra-conservadora, que, divididas entre dois ramos diferentes do Governo, são difíceis de conciliar.