O Presidente da Bolívia, Evo Morales, propôs, quarta-feira, nas Nações Unidas, a criação de um "tribunal dos povos" para julgar o Presidente norte-americano, Barack Obama, por "crimes de lesa-humanidade".
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"Já que estamos aqui a debater sobre a vida e a humanidade, quero sugerir-lhes um tribunal dos povos para iniciar um processo contra o Governo de Obama", disse Evo Morales, durante a sua intervenção na sessão plenária da Assembleia-Geral da ONU.
No seu discurso, o Presidente da Bolívia assinalou que, entre outros motivos, ser preciso julgar Obama "pelos bombardeamentos dos Estados Unidos na Líbia", perguntando "de quem é agora o petróleo da Líbia".
Morales recordou que ficou impressionado quando Obama chegou à Casa Branca, após a vitória nas eleições de 2008, porque afirmou que acabaria com as guerras. "Contudo, agora vemos completamente o contrário", frisou.
"Vem de uma família discriminada como eu, atraiu a minha atenção, mas agora vemos totalmente o contrário, talvez a isso se deva o prémio Nobel da Paz, no entanto, talvez devessem dar-lhe o prémio Nobel da Guerra", criticou Morales.
Na sua intervenção, fez referência ao incidente diplomático em que se viu envolvido com vários países europeus devido à passagem do seu avião presidencial, apontando ainda que alguns governos "bloqueiam o espaço aéreo" para impedir a presença de outras comitivas na ONU.
"Como se pode falar de democracia quando os serviços de espionagem dos Estados Unidos violam direitos humanos, não apenas dos governos anti-imperialistas, mas também dos seus próprios aliados, dos seus cidadãos e até da ONU?", questionou.
Aqui, continuou, "não pode haver donos do mundo", tendo, por isso, insistido que "a segurança do império e a luta contra o terrorismo" não podem transformar-se num pretexto ou instrumento para intervenções militares unilaterais.
"O terrorismo não se combate com medidas unilaterais, que eu saiba combate-se com mais política social, mais tolerância religiosa, mais democracia, mais igualdade e mais educação", sublinhou Evo Morales.
A primeira parte da sua intervenção foi centrada nas conquistas do seu Governo nos últimos oito anos para alcançar alguns dos Objetivos do Desenvolvimento do Milénio de redução da pobreza.
"Um milhão de bolivianos passou a fazer parte da classe média, segundo dados da ONU, e sendo nós um país de dez milhões de habitantes tal significa que 10 % da população viu a sua situação melhorar", afirmou Evo Morales.