
John F. Kennedy pouco antes de ser baleado em 1963
Arquivo
Um ex-agente dos Serviços Secretos dos EUA revelou um novo dado sobre o assassinato do presidente John F. Kennedy, em 1963, que põe em causa a teoria da “bala única”.
Paul Landis, ex-agente dos Serviços Secretos que tem atualmente 88 anos e testemunhou de perto a morte de John F. Kennedy, afirma num livro de memórias a publicar brevemente que retirou uma bala do carro depois de o presidente ter sido atingido e que a deixou na sua maca no hospital.
Após 60 anos de um caso que marcou profundamente os norte-americanos e originou diferentes teorias sobre o número de atiradores envolvidos, o responsável pelo sucedido e o número de balas que efetivamente atingiram o presidente, o relato de Paul Landis no livro "The Final Witness" [A última testemunha] é um desenvolvimento importante e inesperado.
"Esta é, de facto, a notícia mais significativa sobre o assassinato desde 1963", disse James Robenalt, um historiador e especialista em Kennedy que colaborou com Paul Landis para a divulgação da obra.
Segundo a versão oficial, em 22 de novembro de 1963, o descapotável que transportava o presidente Kennedy, a primeira dama Jackie Kennedy e o governador do Texas John Connally Jr. e a sua mulher, atravessava a Dealy Plaza em Dallas, quando foram disparados vários tiros.
O presidente Kennedy foi atingido na cabeça e no pescoço e o governador Connally, que seguia no lugar à sua frente, foi atingido nas costas. As autoridades levaram ambos para o Parkland Memorial Hospital, onde Kennedy foi declarado morto. O governador sobreviveu.
Na investigação, Lee Harvey Oswald foi identificado como o único atirador, segundo provas de balística. Acabou por ser baleado e morreu, quando se encontrava sob custódia policial.
O relatório da Comissão Warren, resultado de um inquérito governamental sobre o assassínio, concluiu também que uma única bala atravessou Kennedy e atingiu Connally, o que ajuda a explicar como é que um único atirador levou a cabo o ataque. Esta conclusão ficou conhecida como a "teoria da bala única" ou "teoria da bala mágica".
Mas o relato de Paul Landis agora revelado, além de ser um testemunho em primeira mão, vem também levantar novas dúvidas sobre a teoria da bala única.
No dia do assassínio, o agente dos Serviços Secretos, então com 28 anos, estava ao serviço de Jackie Kennedy. Na altura dos disparos, estava a poucos metros do presidente Kennedy e testemunhou quando foi atingido a tiro na cabeça.
Numa entrevista ao “New York Times”, Landis contou que, depois de a comitiva ter chegado ao hospital, viu uma bala no carro de Kennedy. Apanhou-a e guardou-a no bolso. Pouco depois, segundo as suas recordações, estava numa sala de urgências com o presidente Kennedy e decidiu colocá-la na sua maca para que a prova viajasse com o corpo.
"Estava tudo a acontecer muito rapidamente. E eu tinha medo - era uma prova, de que me apercebi logo", continuou. "[Uma prova] muito importante. E não queria que desaparecesse ou se perdesse", frisou.
Se tinha a noção da importância daquela bala, a que se devem tantos anos de silêncio? "Ele estava totalmente privado de sono e ainda era obrigado a trabalhar, e estava a sofrer de stress pós-traumático grave", justifica o historador James Robenalt à BBC. "Ele esqueceu-se da bala", acrescentou. "Estava totalmente absorvido pela dimensão das coisas que estavam a acontecer".

