Ex-engenheira que denunciou problemas de segurança da Tesla vence Musk em tribunal
A ex-engenheira da Tesla que denunciou problemas de segurança teve, esta semana, uma vitória nos tribunais contra a fabricante de veículos elétricos e Elon Musk.
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Cristina Balan trabalhava na Tesla e a sua proeminência fez com que as iniciais CB fossem colocadas nas baterias dos primeiros carros Model S produzidos.
“Tudo correu mal quando percebi que estavam a esconder alguns problemas críticos de segurança”, afirmou a engenheira nascida na Roménia ao canal britânico BBC.
A então funcionária, muito bem vista por colegas e superiores, de acordo com o jornal “Los Angeles Times”, estava incomodada por acreditar que contratos da fabricante de veículos elétricos eram feitos devido a amizades em vez de critérios de qualidades ou preço. Balan denunciou internamente problemas com os tapetes instalados no Model S, que se enrolavam sob os pedais, o que dificultaria o uso do travão e poderia causar acidentes. Chegou a enviar um e-mail para Elon Musk.
Foi demitida e ganhou a arbitragem contra a Tesla devido ao despedimento sem justa causa. A história da sua demissão foi publicada no portal "The Huffington Post", em 2017.
Em reação, a empresa publicou um comunicado em que acusou Balan de trabalhar num “projeto secreto” e de usar fundos da corporação para uma viagem para Nova Iorque em que lidaria com tal projeto pessoal. O “projeto secreto” era conhecido por executivos da Tesla, incluindo Musk, segundo e-mails e documentos apresentados à Justiça, citados pelo “Los Angeles Times”, enquanto a viagem para Nova Iorque foi recomendada por um diretor da fabricante de carros.
A nota acusatória fez com Balan apresentasse um caso de difamação contra a empresa.
No entanto, a decisão publicada esta segunda-feira pelo Tribunal de Recursos do Nono Circuito dos EUA anulou a confirmação de 2022 feita pelo Tribunal para o Distrito Norte da Califórnia de uma arbitragem favorável a Tesla de 2021. A arbitragem, procedimento realizado devido ao contrato que a engenheira tinha com a fabricante de veículos, tinha decidido que o processo devido às declarações da Tesla de 2017 e de Musk, de 2019, prescreveram, uma vez que já tinha passado o prazo de um ano para apresentar uma queixa.
O Tribunal de Recursos decidiu que a instância inferior não tinha jurisdição para confirmar, a pedido da Tesla, o veredito da arbitragem. Balan espera que tal medida permita uma nova ação judicial.
“Esperamos iniciar um novo processo e teremos a hipótese de enfrentar Elon Musk perante um júri e um juiz”, declarou à BBC a engenheira, que atualmente está em tratamento de quimioterapia, numa entrevista no ano passado. “Quero limpar o meu nome. Gostaria que Elon Musk tivesse a decência de pedir desculpa”.