A acusação da operação Lava Jato acusou na terça-feira o ex-ministro brasileiro Edison Lobão, o seu filho Marcio Lobão, e outras seis pessoas por crimes de corrupção e branqueamento de capitais em contratos firmados com a empresa Transpetro.
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Segundo a acusação da Lava Jato, a maior operação contra a corrupção no Brasil, em causa estão 44 contratos superiores a 1,5 mil milhões de reais (cerca de 340 milhões de euros) da Transpetro (empresa de transporte e logística de combustível da estatal Petrobras), com o Grupo Estre (ligado a serviços ambientais), e o Consórcio NM Dutos Osbra (da área de engenharia e construção), firmados entre 2008 e 2014.
De acordo com a acusação, Edison Lobão, na condição de ministro de Minas e Energia nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, recebeu parte do suborno negociado pelo presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nos contratos firmados por aquela empresa subsidiária da Petrobras.
"As transferências de parte dos subornos a Edison Lobão ocorreram pelo facto do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro, de Edison Lobão) e o próprio ministro de Minas e Energia serem responsáveis pela indicação e manutenção de Sérgio Machado no cargo de presidente da Transpetro", argumentou a Lava Jato.
No esquema, o antigo ministro encarregou o seu filho Márcio Lobão de receber em espécie os valores do suborno no Rio de Janeiro. O ex-governante instruiu Sérgio Machado de tratar diretamente com o seu filho os detalhes das entregas.
Esses encontros foram comprovados em "registos de visitas e reuniões", "anotações da agenda", "ligações, geoposicionamento e deslocamentos entre o Rio de Janeiro e São Paulo", declarou a acusação.
Os outros acusados são o ex-presidente do Grupo Estre Wilson Quintella, o ex-funcionário da Estre Antônio Kanji, os executivos da NM Luiz Fernando Nave Maramaldo e Nelson Cortonesi Maramaldo, e o ex-presidente da Transpetro José Sérgio de Oliveira Machado, além de Carlos Dale Junior, proprietário da Galeria Almeida & Dale.
O Ministério Público Federal estima que o valor global dos subornos ronde os 14 milhões de reais (três milhões de euros).
Ainda segundo a acusação, Márcio Lobão ocultou o recebimento de subornos através de branqueamento de capitais.
"Após o recebimento de subornos em espécie, Márcio Lobão passou a realizar, por intermédio da aquisição de obras de arte, refinadas operações de branqueamento de capitais, com o intuito de ocultar e dissimular a origem, a localização e a propriedade de valores ilícitos obtidos com os crimes praticados em prejuízo da Transpetro", frisou a operação.
Lançada em 2014, a Lava Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil, trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levou à prisão de muitos deles, como Lula da Silva.