O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe foi libertado este sábado da prisão domiciliária em que se encontrava desde agosto, mas continuará a ser investigado por suspeitas de manipulação de testemunhas.
Corpo do artigo
Um juiz ordenou este sábado a libertação de Álvaro Uribe, investigado num caso que dividiu aquela nação sul-americana e expôs tensões persistentes sobre o acordo de paz da Colômbia para pôr fim a um conflito de meio século com a guerrilha de esquerda.
O Supremo Tribunal do país ordenou a detenção do antigo presidente em agosto, no decurso de investigações, o que chocou os colombianos e desencadeou protestos a favor e contra a decisão.
Álvaro Uribe foi o primeiro presidente na história recente da Colômbia a ser investigado e colocado em prisão domiciliária.
1620667
No entanto, um juiz decidiu este sábado que a decisão tomada em agosto não poderia ser mantida, face a um novo quadro legal ao abrigo do qual Uribe está a ser investigado desde que renunciou ao seu cargo no Senado.
O Supremo Tribunal tinha argumentado na sua decisão, de 1.554 páginas, em agosto, que havia amplas provas que demonstravam que Álvaro Uribe tinha-se empenhado em tentar pressionar antigos paramilitares a retirarem declarações prejudiciais contra ele. Mas o Supremo Tribunal abdicou do controlo do caso quando Uribe renunciou ao seu lugar no Senado, entregando-o ao gabinete do procurador-geral.
Desde então, os magistrados decidiram que o antigo chefe de Estado deveria ser julgado ao abrigo de um quadro jurídico diferente, aplicável aos cidadãos comuns. Essa decisão abriu caminho para a sua libertação este sábado.
O advogado de Álvaro Uirbe argumentou que, porque este está apenas sob investigação e não foi acusado, deveria ser libertado. O procurador Gabriel Ramon Jaimes concordou, dizendo ao juiz que acreditava que os direitos processuais de Uribe tinham sido violados, mas sublinhando também que a investigação deveria continuar.
"O meu pedido de hoje não é um prelúdio de passos processuais ainda por vir", afirmou. "Não haverá impunidade. Haverá justiça", realçou.
5514765
O antigo chefe de Estado da Colômbia negou veementemente as acusações.
Os seus apoiantes alegaram que a decisão de prisão domiciliária foi injusta, porque os ex-guerrilheiros foram autorizados a ficarem em liberdade enquanto testemunhavam sobre crimes de guerra.
Os seus críticos argumentam que os tribunais têm efetivamente feito vista grossa até agora a numerosas acusações que indicavam que Uribe tinha ligações a grupos paramilitares durante o conflito.
Tais grupos foram organizados por proprietários ricos, por vezes com a cumplicidade do Estado, para combater os guerrilheiros que abraçaram uma ideologia de esquerda, recorrendo frequentemente ao rapto e à extorsão.
Jaimes disse que os promotores da justiça farão avançar a investigação de forma justa.
"As vítimas exigem verdade, justiça e reparações", afirmou. "E o sistema de justiça deve fornecer respostas eficazes, mas sempre dentro dos limites da lei", sublinhou.