Ex-procuradora militar israelita que divulgou abusos sexuais em prisão domiciliária

A antiga procuradora militar israelita é acusada de fraude, quebra de confiança, abuso de poder, obstrução da justiça e divulgação ilegal de material
Foto: Direitos Reservados
A antiga procuradora militar israelita Yifat Tomer-Yerushalmi ficou, esta sexta-feira, em prisão domiciliária, após ter sido detida na segunda-feira por ter divulgado um vídeo que mostrava abusos sexuais cometidos por militares contra um prisioneiro palestiniano.
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Após cinco dias de prisão, um tribunal de Telavive deferiu o pedido da polícia para a antiga procuradora ser colocada em prisão domiciliária, durante dez dias.
Além disso, Tomer-Yerushalmi está proibida de entrar em contacto com qualquer pessoa envolvida no caso por 55 dias (até 31 de dezembro), informou o jornal Times of Israel, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
A antiga responsável é acusada de fraude, quebra de confiança, abuso de poder, obstrução da justiça e divulgação ilegal de material.
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As imagens, divulgadas em agosto de 2024 por um canal de notícias israelita, mostram reservistas na base militar de Sde Teiman, no sul de Israel, a levar um detido para um canto e a cercá-lo com escudos antimotim (para obstruir a visão) enquanto o espancam e sodomizam com um objeto pontiagudo.
O preso palestiniano vítima dos abusos "deu entrada no hospital em perigo de vida, com ferimentos na parte superior do corpo e um ferimento grave no reto", revelou então a organização não-governamental israelita Médicos pelos Direitos Humanos.
Cinco soldados na reserva foram acusados no verão passado, na sequência das agressões.
O prisioneiro foi libertado e enviado para Gaza em outubro, como parte de uma troca de detidos durante a primeira fase do cessar-fogo da guerra, iniciada em outubro de 2023.
A polícia israelita deteve Tomer-Yerushalmi na madrugada de segunda-feira, juntamente com outro procurador militar sénior, depois de, no fim de semana, a mulher ter estado desaparecida, tendo sido encontrada numa praia no centro de Israel após horas de buscas.
O desaparecimento temporário gerou especulações nos meios de comunicação social israelitas sobre uma possível tentativa de suicídio.
A estação de televisão Canal 12 noticiou que a polícia suspeita que Yifat Tomer-Yerushalmi, que deixou uma carta no domingo a sugerir uma tentativa de suicídio, tenha simulado o sucedido para se desfazer do telemóvel pessoal, que poderia conter informações incriminatórias.
A detenção deve-se ao facto de a ex-procuradora ter confessado na semana passada, na sua carta de demissão depois de ter sido suspensa do cargo, ter feito chegar o vídeo ao popular canal de notícias 12 no verão do ano passado.
Tomer-Yerushalmi argumentou que o fez para "combater a propaganda falsa" depois de criticar os esforços da extrema-direita para desacreditar a veracidade das imagens e defender a integridade das investigações que liderou contra militares acusados de atos criminosos.
Quatro dos cinco arguidos dirigiram-se esta segunda-feira encapuzados às portas do tribunal, pedindo que as acusações de "agressão agravada e sabotagem de grupo" contra eles fossem retiradas.
No domingo passado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, classificou a fuga do vídeo como o "mais grave ataque de propaganda" contra o Estado de Israel desde a sua fundação e exigiu uma "investigação independente e imparcial" não sobre os abusos perpetrados, mas sobre a forma como a fuga aconteceu.
