Uma antiga secretária alemã de um campo de concentração nazi foi processada por cumplicidade em milhares de mortes, segundo a justiça alemã, que abriu caminho para um julgamento.
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"A acusação incrimina aqueles, adolescentes à época, de cumplicidade em mais de dez mil mortes. Noutros casos, ela é processada por cumplicidade em tentativas de assassinato", referem os juízes do Tribunal de Itzehope, noroeste da Alemanha, através de um comunicado.
O Ministério Público diz estar na posse de informações sobre factos ocorridos entre 1943 e 1945 e que estão relacionados com a ajuda prestada aos responsáveis pelo massacre "sistemático de prisioneiros judeus, membros da resistência polaca e de prisioneiros soviéticos", na função que exercia como secretária e estenografa do comandante do campo de concentração de Stutthof.
O campo situava-se a 40 quilómetros da cidade de Gdansk, atualmente território da Polónia.
A acusação refere que alguns prisioneiros sobreviveram, "apesar das condições de hostilidade" mas que todos os atos vão ser avaliados judicialmente como "tentativa de assassinato". O comunicado não identifica a mulher nem fornece a informação sobre a idade da acusada que deve ter mais de 90 anos.
Sendo adolescente entre 1943 e 1945, a acusada deve vir a ser julgada perante um tribunal especial de menores.
Apesar da intenção dos juízes de Itzehope a idade da mulher vai ainda determinar a realização ou não do julgamento.
A cadeia regional pública NDR noticiou em 2019 que existiam 29 processos em curso sobre crimes nazis na Alemanha, entre os quais o caso de Irmgard F., 94 anos, antiga secretária pessoal de um comandante do campo de concentração de Stutthof e que vive atualmente numa casa de repouso no norte de Hamburgo.
Nos últimos anos, a Alemanha julgou e condenou vários antigos SS (Schutzstaffe) assim como estendeu as acusações contra antigos guardas de campos de concentração nazis, por cumplicidade na morte dos prisioneiros.
Em julho de 2020, o Tribunal de Hamburgo, condenou a dois anos de prisão Bruno Dey, antigo guarda de 93 anos pela cumplicidade na morte de milhares de pessoas em Stutthof.