O ex-tesoureiro do Partido Popular espanhol apresentou uma queixa contra o partido, atualmente no Governo, por "despedimento improcedente" do cargo de consultor que ocupou entre março de 2010 e final de janeiro.
Corpo do artigo
Citando fontes judiciais, o jornal espanhol "El País" refere que o ex-tesoureiro Luis Bárcenas recebia 21300 euros mensais por exercer funções como consultor, informação que contradiz declarações dos principais responsáveis do Partido Popular (PP) que afirmam que desde 2010 que Bárcenas não tem qualquer vinculo laboral com o partido.
O "El País" refere que, na queixa, Bárcenas acusa o PP de o ter dado de baixa da Segurança Social sem o seu consentimento, o que motivou a queixa contra o partido para o qual trabalhou durante quase 31 anos.
Especificamente, explica Bárcenas, desde março de 2010 - quando oficialmente terá, segundo o partido, abandonado a sua relação laboral com o PP - e até 31 de janeiro, quando foi dado de baixa sem o seu consentimento, Barcenas recebeu "21300,08 euros brutos ao mês".
A notícia desta terça-feira contradiz declarações do presidente do PP e do Governo, que, na semana passada, sem nunca citar o nome de Bárcenas, referiu que o ex-tesoureiro (mencionado pela oposição no debate do Estado da Nação) tinha deixado há anos de ter responsabilidades e qualquer relação com o partido.
Na segunda-feira, a secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, explicou que em março de 2010 os serviços jurídicos do partido tinham "acordado" com Bárcenas uma solução para a sua relação laboral que denominou como "indemnização com despedimento indeferido", algo que a atual legislação laboral não permite.
Antes, o PP tinha assegurado que essa relação tinha acabado e o partido optou por pagar a indemnização de forma faseada, mensalmente.
Segundo o jornal "El País", Bárcenas assinou a queixa contra o PP no passado dia 19 de fevereiro, depois de ser anunciado que Cospedal tinha apresentado contra si uma queixa por violação do direito à honra.
A queixa de Bárcenas terá sido apresentada judicialmente apenas na segunda-feira, segundo o jornal espanhol.
Na queixa, Bárcenas explica que soube pela imprensa que tinha sido afastado do PP e que, depois de confirmar a sua vida laboral percebeu, a 18 de fevereiro, que o PP o tinha dado de baixa da Segurança Social a 31 de janeiro, o mesmo dia em que o "El País" publicou os agora conhecidos como "papéis de Bárcenas".
Esses documentos, cujo conteúdo está a ser investigado pela procuradoria anti-corrupção, referem alegados pagamentos aos principais dirigentes do partido entre 1990 e 2009.