Dos Países Baixos à Hungria e Espanha, várias vozes da extrema-direita europeia criticaram, esta segunda-feira, a condenação da líder francesa Marine Le Pen, que fica afastada da corrida presidencial, por desvio de fundos europeus.
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O Kremlin (presidência russa) também se juntou às críticas, lamentando a “violação das normas democráticas”. “A nossa observação do que se passa nas capitais europeias mostra que não há qualquer hesitação em ultrapassar o quadro da democracia durante um processo político”, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Marine Le Pen, líder do grupo parlamentar da União Nacional (RN, na sigla em francês), foi hoje condenada pelo tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100 mil euros e a cinco anos de inelegibilidade, a cumprir imediatamente e aplicados mesmo em caso de recurso. Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
“Eu sou Marine”, exclamou o seu aliado e primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, numa publicação na rede social X.
Para o primeiro-ministro nacionalista, Le Pen junta-se às fileiras dos “patriotas” que, segundo ele, são vítimas de uma cabala, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini. O líder da Liga italiana, que também já teve problemas com a justiça do seu país, também deu o seu apoio a Marine Le Pen.
“Não nos deixemos intimidar, não paremos: a toda a velocidade, minha amiga”, escreveu, denunciando a “declaração de guerra” de Bruxelas, que considerou estar na origem da condenação de Le Pen, acusada de ter tido pessoas que trabalhavam efetivamente para a União Nacional pagas pelo Parlamento Europeu.
Perante o que foi considerado um veredicto político pelos tribunais, todos apelaram à continuação da luta.
“Não vão conseguir calar a voz do povo francês”, avisou Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita espanhol Vox.
Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita Geert Wilders disse estar “chocado” com uma decisão “incrivelmente dura”. “Estou convencido de que ela vai ganhar o recurso e que se vai tornar Presidente de França”, afirmou na rede social X.
O líder político dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, afirmou que os tribunais se tornaram “os instrumentos daqueles que temem a democracia”. “Marine Le Pen foi condenada porque é uma ameaça para um sistema que não sabe perder”, disse o dirigente, que foi recentemente condenado pela justiça bósnia a uma pena de prisão e à proibição de exercer funções, terminando também a sua mensagem com um ‘Je suis Marine’ em francês.
Em França, o político de extrema-direita Eric Zemmour, antigo candidato presidencial, escreveu no X que “não cabe aos juízes decidirem em quem o povo deve votar”. “Independentemente das nossas divergências”, Marine Le Pen “tem legitimidade para se apresentar ao sufrágio”, considerou. “Lamento que os políticos tenham dado este poder exorbitante à justiça. É preciso mudar isto”, defendeu Zemmour.
Em Portugal, o presidente do Chega, André Ventura, não se pronunciou sobre a condenação de Le Pen.