As grande empresas tecnológicas norte-americanas estão a posicionar-se ao lado de Donald Trump, com doações em dinheiro para a cerimónia da tomada de posse do próximo presidente EUA, em janeiro. Líderes das tecnológicas têm tido reuniões com o republicano.
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O presidente executivo da OpenAI, Sam Altman, revelou ontem que tenciona contribuir com um milhão de dólares para o financiamento da tomada de posse de Donald Trump. Antes, já a Meta, a holding da Facebook e Instagram, tinha divulgado a mesma intenção e o mesmo valor, tal como a Amazon.
Na sexta-feira, Tim Cook, CEO da Apple, também jantou com Donald Trump em Mar-a-Lago, na Florida, mas pouco se sabe sobre o que foi discutido. Em cima da mesa, terão estado a sanção milionária aplicada à empresa norte-americana pela União Europeia, por fuga aos impostos na Irlanda. Zuckerberg, da Meta, também já esteve no resort da Florida de Trump, para uma reunião privada com o futuro líder do país.
Várias das empresas ditas tecnológicas e vários dos seus executivos pretendem estabelecer as melhores relações com a futura presidência norte-americana. "O presidente Trump vai liderar o país para a idade da inteligência artificial (IA) e eu estou ansioso para apoiar os seus esforços", disse Altman, em comunicado. Altman tem uma disputa legal com o rival Elon Musk, mas já disse que "não está preocupado" com a influência do presidente da Tesla na futura presidência.
Trump vai colocar Musk, o homem mais rico do mundo, e Vivek Ramaswamy, um empresário e antigo candidato presidencial republicano, a dirigir o novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em Inglês), que vai um órgão consultivo externo, com a função de trabalhar com membros do governo para reduzir a despesa pública e as regulações.
A guerra Musk contra Altman
A luta judicial entre Elon Musk e a OpenAI vai ser levada a um juiz federal, uma vez que Musk quer travar que a criadora do ChatGPT se torne numa empresa com fins lucrativos.
Musk, um dos primeiros investidores e membro do conselho de administração da OpenAI, processou a empresa de inteligência artificial no início deste ano, alegando que esta tinha traído os seus objetivos fundadores como um laboratório de investigação sem fins lucrativos que beneficiava o bem público, em vez de procurar lucros.
Desde então, Musk intensificou a disputa, acrescentando novas alegações e pedindo uma ordem judicial que impeça os planos da OpenAI de se converter numa empresa com fins lucrativos de forma mais completa. O homem mais rico do mundo criou no ano passado a sua própria empresa rival de IA, a "xAI".
Musk diz que enfrenta a concorrência desleal da OpenAI e do seu parceiro Microsoft, que forneceu os enormes recursos informáticos necessários para construir sistemas de IA como o ChatGPT.
"A OpenAI e a Microsoft, juntas, exploram as doações de Musk para que possam construir um monopólio com fins lucrativos, que agora visa especificamente a xAI, é demais", diz o documento de Musk que alega que as empresas estão a violar os termos das contribuições fundamentais para a caridade.
A OpenAI está a preparar uma resposta, opondo-se à ordem solicitada por Musk, alegando que esta resolução iria prejudicar os negócios e a missão da OpenAI em benefício de Musk e da sua própria empresa de IA.
Uma audiência está marcada para janeiro perante a juíza distrital Yvonne Gonzalez Rogers em Oakland.
No centro da disputa está uma luta interna pelo poder em 2017 na startup que levou Sam Altman a se tornar o CEO da OpenAI. Musk também procurou ser CEO e, num email, delineou um plano em que teria "inequivocamente o controlo inicial da empresa".
Dois outros cofundadores da OpenAI admitiram que Musk teria demasiado poder como acionista maioritário e diretor executivo se a empresa tivesse sucesso no seu objetivo de conseguir uma IA melhor do que a humana, conhecida como inteligência artificial geral, ou AGI.
"A estrutura atual oferece um caminho em que você acaba com o controle absoluto unilateral sobre a AGI", disse um email de 2017 para Musk dos cofundadores Ilya Sutskever e Greg Brockman.
"Afirmou que não quer controlar o AGI final, mas durante esta negociação, você nos mostrou que o controlo absoluto é extremamente importante para você", escrevia o email.
Na mesma mensagem de correio eletrónico, intitulada "Honest Thoughts", Sutskever e Brockman manifestaram também a sua preocupação quanto ao desejo de Altman de se tornar diretor executivo e quanto ao facto de estar motivado por "objectivos políticos".
Altman acabou por conseguir tornar-se diretor executivo e assim permaneceu, exceto durante um período no ano passado, quando foi despedido e reintegrado dias depois, após a substituição do conselho de administração que o destituiu.
A OpenAI publicou hoje as mensagens num blogue destinado a mostrar o seu lado da história, em particular o apoio inicial de Musk à ideia de tornar a OpenAI uma empresa com fins lucrativos para que pudesse angariar dinheiro para o hardware e a potência informática de que a IA necessita.